O regime democrático é o mais adequado para 75% dos brasileiros, segundo mais recente pesquisa do Datafolha. Já para 10% da população, o regime ditatorial é aceitável em algumas ocasiões. O apoio atual à democracia é o maior desde 1989.
Em dezembro do ano passado, em levantamento com as mesmas questões, 62% apoiavam a democracia e 12% a ditadura. O alastramento da pandemia no país e as recorrentes crises entre o governo e os demais poderes aumentaram a sensação de instabilidade do regime democrático.
A presença de Jair Bolsonaro em manifestações pró-ditadura e contra o Supremo Tribunal Federal e o Congresso, também contribuem para a sensação de insegurança democrática.
Para 88% dos entrevistados, a maior ameaça ao regime é a divulgação de notícias falsas envolvendo políticos e ministros do STF. Para 68% são as manifestações nas ruas de apoiadores do presidente pedindo o fechamento do Congresso e do STF. Para 66% deles são as manifestações nas redes sociais de apoiadores do presidente pedindo o fechamento do Congresso e do STF.
O fechamento do Congresso é rejeitado por 78%, sendo que 59% descartam totalmente essa hipótese, já 18% aceitam a ideia (11% totalmente). Com relação ao fechamento do Supremo 75% afirmam ser contra, (56% totalmente). Outros 20% apoiam a medida, sendo 14% totalmente.
A pesquisa mostra ainda que os apoiadores do presidente compõem um grupo maior de aceitação de um regime totalitário: 15%. No entanto, aqueles que rejeitam Bolsonaro tendem a apoiar a democracia (85%). Segundo o Datafolha, o país está dividido entre quem vê risco de instalação de uma ditadura (46%) e aqueles que a descartam (49%).
A censura aos meios de comunicação é rejeitada por 80% e aceita por 18%. Sobre as redes sociais, 64% acreditam que o governo não deve exercer algum tipo de controle, contra 33% que estão de acordo. Na próxima semana o Senado vai votar o PL das fake news, que pretende combater a disseminação de ataques e notícias falsas pelas redes sociais.
Foram ouvidas 2.016 pessoas nos dias 23 e 24, por telefone. A margem de erro é de dois pontos para mais ou menos.
Durante a tarde de domingo (28), o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM/RJ) comentou o resultado da pesquisa e afirmou ser um “dia feliz para os que prezam os direitos humanos, as minorias, o respeito e a diversidade (lembrando que hoje é o dia internacional do orgulho LGBT); dia triste para os saudosistas do autoritarismo”.