A decisão do presidente eleito Jair Bolsonaro de mudar a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém “influenciará muitos países” garantiu um diplomata israelense ao jornal Israel Hayom.
Segundo a publicação, outros países devem anunciar em breve a transferência de suas embaixadas, que equivale a reconhecer Jerusalém como capital do país. O alto funcionário do governo de Israel destaca que a República Tcheca deve ser o primeiro a efetivar a mudança.
Benjamin Netanyahu, primeiro-ministro de Israel, chamou a decisão de Bolsonaro de “um passo histórico, correto e emocionante”. O premiê deve comparecer à posse do novo presidente em janeiro, um marco inédito na relação entre os dois países.
O Israel Hayom destaca que a decisão do governo brasileiro foi tratada no fim de semana, durante a visita oficial de Netanyahu à Bulgária, onde se encontrou com diversos governantes europeus.
O mesmo diplomata, que preferiu não se identificar, revelou que Netanyahu conversou demoradamente com a primeira-ministra da Romênia, Viorica Dăncilă, que assumirá a presidência rotativa da União Europeia (EU) no final do ano, para usar sua influência para melhorar o tratamento dispensado pela organização europeia em relação a Israel.
Reação palestina
O ministro das Relações Exteriores da Autoridade Palestina (AP) recusou-se a comentar oficialmente as declarações de Bolsonaro. Contudo, um diplomata palestino afirmou ao Israel Hayom que o presidente palestino Mahmoud Abbas levou o assunto ao presidente egípcio Abdel Fattah El-Sisi, durante uma reunião no Cairo ontem.
Abbas disse a El-Sisi que existe uma “preocupação” dos palestinos em relação aos planos de Bolsonaro e pediu que o mandatário egípcio o ajudasse a pressionar os brasileiros a não mudarem sua política externa.
A fonte admitiu também que o Ministério das Relações Exteriores palestino já se prepara para a possibilidade de Bolsonaro rebaixar o status da embaixada da Palestina em Brasília e até mesmo de retirá-la do local que ocupa.
Durante a campanha, o peselista declarou “A Palestina não sendo país, não teria embaixada aqui” e falou sobre a necessidade de rever as relações bilaterais.
“Ainda é muito cedo para dar passos concretos, pois até agora são apenas declarações”, minimizou o embaixador palestino no Brasil, Ibrahim Mohamed Khalil Alzeben. “Acredito que o sistema político no Brasil fará com que o presidente eleito aja de acordo com o direito internacional”.