Perto de oficializar sua pré-candidatura ao governo da Bahia, o ex-prefeito soteropolitano ACM Neto (DEM) tem dito a interlocutores que pode não apoiar ninguém para presidente da República na eleição de 2022. As informações foram publicadas pelo jornal Tribuna da Bahia desta sexta (10).
Segundo apurou o impresso, o democrata entende que ficar “neutro” sobre a disputa presidencial pode ser a melhor estratégia. Interlocutores de ACM Neto admitem que, “sem dúvida”, será uma “tática diferenciada”, já que historicamente os candidatos a governador se agarraram aos postulantes a presidente para impulsionar a candidatura.
Neto, entretanto, tem tido dificuldades para encontrar um nome presidencial que o fortaleça na briga pelo Palácio de Ondina. Levantamento do Instituto Paraná Pesquisas, que foi divulgado no mês passado, aponta que o democrata soteropolitano teria hoje 52,3% das intenções de votos. No entanto, quando o eleitorado sabe da possível dobradinha de Neto e do ex-ministro Ciro Gomes (PDT), o democrata cai para 37,9%.
Ainda de acordo com a Tribuna, além de não apoiar nenhum nome, aliados avaliam que há a possibilidade de o democrata ter um “palanque aberto” para a Presidência em 2022, isto é, permitir que os correligionários apoiem o nome que quiserem para o Palácio do Planalto. O grupo liderado por Neto na Bahia hoje se divide entre três pré-candidatos: Eduardo Leite, João Dória, ambos do PSDB, Ciro Gomes (PDT), e Jair Bolsonaro (sem partido).
“Eu acho que é uma possibilidade. Não seria um palanque aberto, mas sim um palanque múltiplo”, afirmou o presidente do PDT na Bahia, o deputado federal Félix Mendonça Júnior, que quer o apoio de Neto a Ciro Gomes. Além dele, o secretário de Saúde de Salvador, Leo Prates (PDT), é outro defensor do apoio ao ex-ministro pedetista. No entanto, há uma enorme resistência a Ciro no grupo político. No bastidor, um deputado estadual disse que “seria foda” trabalhar para eleição de Ciro Gomes. Um parlamentar tucano chegou a desdenhar da hipótese de uma dobradinha Neto-Ciro.
Os tucanos baianos, em sua maioria, apoiam Eduardo Leite, que disputa as prévias do partido com o governador de São Paulo, João Doria. O principal defensor de Leite no estado é o prefeito de Mata de São João, João Gualberto (PSDB). No entanto, tem ala pró-Doria formada pelo ex-deputado federal e secretário em São Paulo, Antonio Imbassahy. Na base democrata, ainda há nomes ligados ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), como o ex-deputado federal José Carlos Aleluia e o vereador Alexandre Aleluia, ambos do DEM. Estes, no entanto, têm indicado apoio à possível candidatura do ministro da Cidadania, João Roma (Republicanos), ao governo da Bahia.
Roma não confirma que será de fato postulante ao Palácio de Ondina, e há quem aposte que pode disputar o Senado na chapa de ACM Neto. Neste cenário, o ministro faria campanha para Bolsonaro.