Uma das vozes crÃticas do paÃs ao trato amistoso entre polÃticos e figuras do Poder Judiciário, a ex-ministra do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Eliana Calmon, admitiu que precisou “entrar no jogo” e buscou apadrinhamento polÃtico para conseguir chegar à segunda Corte mais importantes do Brasil.
Em entrevista à revista Crusoé, ela revelou nomes de alguns dos seus facilitadores: Edison Lobão, Jader Barbalho e Antonio Carlos Magalhães (in memorian), todos já investigados por suspeitas de atos ilÃcitos na função pública. Ela foi nomeada em 1999 pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso e ficou no STJ até 2013.
“Para chegar ao STJ, entrei no jogo do poder. Pedi a todo mundo, pedi aos polÃticos, tive padrinhos. Era para eu ser ficha suja porque Edison Lobão, Jader Barbalho, Antonio Carlos Magalhães, todos esses polÃticos foram efetivamente meus padrinhos. E padrinhos de verdade, viu? Todos sempre me admiraram muito, me respeitaram muito… Mas fiz o seguinte: quando cheguei ao Senado para ser sabatinada, contei publicamente quem eram os meus padrinhos. Eles adoraram isso. A independência está não na forma pela qual você chega lá, mas como você se comporta”.
Calmon, contudo, sustentou que nunca atuou no STJ em favor dos interessos dos polÃticos com os quais tinha relações estreitas, especialmente com o ex-senador baiano Antonio Carlos Magalhães.
“Como sou baiana e ACM me indicou, muita gente que precisava de alguma coisa ia até ele. Pediam a Antonio Carlos para que ele pedisse a mim. Ele sempre dizia assim: ‘Não adianta, porque nem a mim ela atende’. Certa vez, o senador fez uma visita ao meu gabinete. Me disse que era uma visita de cortesia. Eu pensei até que era para pedir alguma coisa. Conversou amenidades e foi embora”.
Recentemente, na ocasião do vaivém jurÃdico em torno da soltura do ex-presidente Lula, Eliana Calmon colocou sob suspeita as seguidas decisões do desembargador Rogério Favreto, plantonista do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) que concedeu a liberdade ao petista, no último dia 8.