23 de fevereiro de 2016
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Diferentes situações podem levar uma pessoa a ter vontade de doce, em menor ou maior grau. Os motivos podem ir desde um hábito do cotidiano até distúrbios mais sérios como uma hipoglicemia, quando o corpo está com baixa concentração de glicose no sangue. É preciso atenção com o controle desse consumo, pois assim como acontece com qualquer outro nutriente, o excesso pode causar anormalidades na saúde. O consumo de carboidratos, como é o caso do açúcar, aumenta a absorção de triptofano, um aminoácido essencial utilizado pelo cérebro para produzir a serotonina, um neurotransmissor que interfere em algumas funções: o inÃcio do sono, sensibilidade à dor e controle do humor. O prazer também pode ser citado como motivo, já que a liberação da serotonina é responsável ainda pela sensação de bem-estar.”Muitas pessoas acabam excedendo o consumo de carboidratos para se sentirem melhor quando expostas a diversas situações: estresse, no caso de mulheres com sÃndrome pré-menstrual, pacientes com “depressão sazonal”, indivÃduos que estão tentando parar ou que pararam de fumar, entre outros casos”, explica o especialista Dr. Marcio Mancini, endocrinologista e responsável pelo Grupo de Obesidade e SÃndrome Metabólica do Hospital das ClÃnicas da USP.
Outras explicações para a vontade de comer doces podem ser as alterações genéticas e o hábito. De acordo com o especialista, “diferenças genéticas nos receptores de sabor amargo, gorduroso ou doce nas papilas gustativas da lÃngua podem fazer com que indivÃduos já nasçam com maior preferência por alimentos doces”. Já o hábito vem da preferência do brasileiro por alimentos adocicados, disseminado desde os tempos do Império, quando o Brasil se tornou o maior produtor de cana-de-açúcar do mundo. Além disso, momentos com sobremesas são normalmente celebrações positivas, resgatando a relação do ingrediente com satisfação e bons eventos. Porém, quando a vontade por produtos açucarados é constante é preciso tomar cuidado, pois pode ser um sinal de compulsão alimentar. O transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP) é uma doença psiquiátrica caracterizada por episódios descontrolados de alimentação, que acontecem pelo menos uma vez por semana durante três meses. O problema é definido pela recorrência na ingestão de certo alimento num curto perÃodo de tempo. Nessas situações a pessoa não tem controle sobre o que come e pode consumir alimentos doces e em seguida salgados, depois doces novamente. É uma doença. Comportamentos compulsivos podem ser causados, entre outros motivos, pela privação de alimentos, como muitas vezes acontece com os doces. Neste caso, as dietas muito restritivas que pregam a eliminação do carboidrato, por exemplo, podem causar comportamentos compulsivos. “O ideal é que nenhum alimento seja eliminado do cardápio e que a alimentação seja equilibrada, a não ser que exista uma razão médica”, diz o Dr. Marcio Mancini. Assim, é melhor comer um doce quando se tem vontade do que tentar enganar o organismo com outras opções consideradas mais saudáveis sugere Dr. Daniel Magnoni, cardiologista e nutrólogo do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia. O açúcar vicia? Para o Dr. Marcio Mancini, utilizar a palavra vÃcio para comida não é um conceito correto. “Precisamos de comida para sobreviver e do carboidrato para dar energia ao corpo. Eliminar um nutriente é irreal. Alguns estudos mostram que o cérebro responde ao açúcar de maneira similar como algumas drogas, mas isso acontece porque o ingrediente ativa os centros cerebrais de prazer e recompensa, o que não significa um vÃcio”, explica o endocrinologista. Ele ainda reforça que “a definição de vÃcio ou adição é a dependência fÃsica, que faz alguém buscar o consumo excessivo e cada vez maior, crescente, de uma substância para conseguir o mesmo prazer e satisfação. Isso não se observa com o açúcar. Não existe sÃndrome de abstinência quando se interrompe o consumo”. Um estudo conduzido pelo Dr. John Menzies da Universidade de Edimburgo corrobora a afirmação do especialista ao comprovar que as pessoas podem ficar viciadas no ato de comer, porém não em alimentos especÃficos, como doces ou hambúrgueres¹. Nesse sentido, é preciso estar atendo à s quantidades ingeridas do alimento e caso perceba um descontrole, o ideal é procurar o auxÃlio de um nutricionista ou de um médico especialista.