Autoridades colombianas detiveram anteontem o ex-vice-ministro dos Transportes Gabriel García Morales, suspeito de receber propina da Odebrecht. Foi a primeira prisão desde que o escândalo de corrupção envolvendo a empreiteira brasileira na Colômbia foi divulgado, no mês passado. Morales foi vice-ministro durante o governo do ex-presidente Álvaro Uribe e teria exigido US$ 6,5 milhões para cortar a concorrência e permitir que a Odebrecht fosse a única participante no processo de licitação de um projeto rodoviário autorizado entre 2009 e 2010. As informações foram divulgadas pelo procurador-geral da Colômbia, Néstor Martínez, citando provas obtidas por promotores. Em acordo de leniência firmado com autoridades do Brasil, da Suíça e dos Estados Unidos, a Odebrecht admite pagamentos de US$ 439 milhões em subornos em países fora do Brasil, principalmente na América Latina. Cerca de US$ 11 milhões teriam sido pagos a autoridades colombianas. Caso condenado, Morales pode ficar até 20 anos preso. O advogado do ex-vice-ministro não foi encontrado. Em comunicado, o ex-presidente Álvaro Uribe afirmou que apoia as investigações e a decisão do procurador-geral. Ele disse ainda que seu governo foi enganado por Morales. Segundo o procurador-geral, o pagamento ao ex-vice-ministro teria sido feito por meio de contas de offshore geridas pelo Setor de Operações Estruturadas, o chamado “departamento da propina” da empreiteira. Investigadores colombianos afirmaram que tentam identificar os beneficiários dos subornos restantes da Odebrecht. Segundo Martínez, pessoas ligadas ao governo de Juan Manuel Santos podem estar ligadas ao esquema – o que foi negado pela atual gestão colombiana. Martínez também disse que a empresa concordou em pagar quase US$ 11 milhões como “reparação pelos danos causados à administração pública da Colômbia”.