“Suspeita” (1941) é um filme construÃdo em torno da desconfiança nutrida por Lina (Joan Fontaine) de que o marido, o vigarista Johnnie (Cary Grant), quer matá-la. Na cena mais famosa desse que é um dos primeiros grandes sucessos de Alfred Hitchcock, o público é levado a crer que o homem envenenou um copo de leite sem qualquer evidência narrativa. O diretor se limitou a colocar uma pequena luz no recipiente -trucagem sutil, mas que provoca um grande efeito dramático.
Bastidores do tipo, que desvendam os métodos do cineasta londrino, são o foco da exposição que abre nesta sexta (13), no Museu da Imagem e do Som, em São Paulo, e explica por que ele virou sinônimo de mestre do suspense.
Além de pôsteres antigos, storyboards, fotos de produção, cartas e croquis, a mostra abriga 17 espaços interativos, cada um dedicado a um filme, que revelam um aspecto marcante da direção ou da obra. Na sala destinada a “Os Pássaros”, uma projeção fará com que o visitante tenha a impressão de que ser atacado pela aves que assolam San Francisco no longa lançado em 1963. No espaço dedicado a “Suspeita”, revela-se como o copo de leite já citado foi iluminado. Para “Festim Diabólico” (1948), o destaque é o baú em que os dois amigos, e prováveis amantes, escondem o corpo de um terceiro colega.
“Ele não era um cineasta que fazia virtuosismo pelo virtuosismo, mas cada minuto dos seus filmes tinha uma marca muito dele”, diz André Sturm, atual secretário municipal de Cultura, que idealizou a mostra quando ainda estava à frente do MIS, em 2016.
A exposição ainda reúne vÃdeos, entre eles um depoimento dado pela atriz Eva Wilma, sobre a experiência que passou ao fazer um teste para o filme “Topázio”. Ela acabou não sendo escolhida.