18 de março de 2016
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Um estudo americano, publicado no jornal cientÃfico “Pediatrics”, afirma que febre acima de 38,3°C em bebês não deve ser atribuÃda ao nascimento dos dentes. Em entrevista à rede de TV americana CNN, o autor do estudo, Paul Casamassimo, diretor do Centro de Pesquisa em Saúde Bucal da Academia Americana de Odontopediatria, disse que o sinal não pode ser ignorado, principalmente se estiver acompanhado de falta de apetite e desconforto duradouro. A pesquisa traz levantamentos históricos que mostram que, por muito tempo, diversos médicos e pais correlacionaram uma série de sintomas graves ao nascimento dos dentes, contribuindo para criar um mito em torno da questão. Para Tadeu Fernando Fernandes, presidente do Departamento de Pediatria Ambulatorial da SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), a erupção dentária costuma ser erroneamente apontada como causadora de febre, diarreia e uma série de outros eventos, porque coincide com a idade em que a criança entra na escola, estando mais propensa ao aparecimento de viroses. “Em casos raros, um dente com dificuldade para eclodir pode causar um pequeno processo inflamatório local, que dará febre e dor, mas é uma exceção, não uma regra”, diz Fernandes.
De acordo com o médico, a febre é um sinal que precisa ser analisado juntamente com outros sintomas para se tentar chegar a um diagnóstico. “Trata-se de uma reação do organismo contra um agente agressor, como vÃrus, bactérias, traumatismos ou mesmo o estresse. Nem sempre, a existência de febre é sinal de doença.” O pediatra explica que outros sinais de alerta em bebês são respiração ofegante, vômitos, diarreia, apatia, sonolência, irritabilidade excessiva e alterações no nÃvel de consciência. Embora a febre nunca deva ser ignorada, tampouco precisa ser supervalorizada, criando-se uma espécie de “febre fobia”. “Em 90% dos casos, trata-se de uma virose, que vai desde o resfriado comum até dengue, zika e catapora. Portanto, não é necessário o uso de antibióticos”, afirma Fernandes. Já as causas bacterianas mais frequentes da febre são otite média aguda, infecção urinária (mais comum em meninas), pneumonia e doenças como meningite, além de outras enfermidades mais raras.
O medo da convulsão
Segundo Fernandes, o antitérmico só deve ser administrado se a febre estiver incomodando. “Não existe um número mágico. Se a criança está brincando e correndo com 38,5°C, não é o caso. Mas se com 38°C ela estiver deitada, abatida, deve-se dar o remédio imediatamente.” O medo mais comum dos pais é que a criança tenha uma convulsão febril. “Para que isso aconteça, é preciso que a criança tenha predisposição, ou seja, antecedentes e genética. Nesses casos, febre em torno de 37,5°C já pode levar a convulsão. Outras crianças chegam a 40ºC sem manifestar o problema.” Apesar de assustar, a convulsão febril é benigna e tem cura espontânea, sem a necessidade do uso de medicamentos. “É mais perigoso fazer uso de medidas extremas, como colocar uma criança com febre em um banho gelado, o que pode matar por choque térmico, do que a própria convulsão.”
Quando os dentes são o problema
Segundo Paulo César B. Rédua, presidente da ABO (Associação Brasileira de Odontopediatria), os sinais mais comuns da erupção dentária incluem desconforto, inquietação, perda de apetite, elevação de temperatura até 37,6°C, e acordar durante a noite. Outros sintomas são dor, coceira e gengiva inchada. “Se a febre durar mais de 48 horas ou acima de 38°C, procure um pediatra.” É comum que, nessa fase, a criança comece a mastigar brinquedos, a chupeta e os dedos, e apresente um aumento da produção de saliva, que pode causar tosse e erupções cutâneas no rosto, pescoço e tórax. “Recomenda-se manter essas áreas secas, usando babador, e trocar a roupa molhada frequentemente.” Segundo o especialista, o uso de mordedores resfriados na geladeira pode ser útil para aliviar o desconforto. Outro recurso é massagear a gengiva com o dedo envolvido em um pano limpo. (Uol)