A concretização da Ferrovia da Integração Oeste Leste pode elevar as receitas do governo estadual em 20%, em um prazo de 10 anos. A previsão é do vice-governador e secretário de Desenvolvimento João Leão, que quando era deputado federal (1995-2015) atuou para a viabilização do projeto. Um primeiro trecho da Fiol, entre Ilhéus e Caetité será concedido à iniciativa privada e tem leilão de concessão marcado para o dia 8 de abril, na B3.
Leão considera o projeto um forte atrativo de projetos de mineração. O gestor relatou ao bahia.ba que 40 geólogos da CBPM e de uma consultora contratada estão mapeando o potencial mineral no entorno de todo o trajeto da ferrovia.
“A Fiol está em cima de uma mina de ferro. Há uma jazida do mesmo tamanho da mina da Bamin”, acrescentou João Leão. Instalada em Caetité, a Bamin investe na construção do Porto Sul em Ilhéus e deve participar do leilão do empreendimento ferroviário. Segundo Leão, além de ferro, a região tem boas reservas de ouro, níquel, magnésio e fosfato.
De acordo com a Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), o traçado 1 da Fiol possui 537 quilômetros de extensão. O prazo da subconcessão será de 35 anos, entre construção e operação, com investimento previsto de R$ 5 bilhões, em obras remanescentes e complementares. Foram executados, por meio da empresa federal Valec, mais de 73% da ferrovia.
A Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Feib) também avalia que a ferrovia vai apoiar o desenvolvimento do estado. “A Bahia tem deficiência em infraestrutura, seja ferrovia ou rodovia”, afirmou ao bahia.ba o gerente de Estudos Técnicos, Ricardo Kawabe. “A história da economia mostra que sem infraestrutura, nada florece. Com a infraestrutura, vai aparecer negócio que a gente nem imaginava”.
Na avaliação de Kawabe, dada a situação fiscal do país, a tendência é de que o trecho entre Caetité e São Desidério também seja alvo de concessão em um futuro próximo. A seu ver, a finalização do primeiro trecho deve impactar mais no setor mineral e a ligação até o oeste incrementará o celeiro agrícola.
O gerente de estudos técnicos espera que o desenvolvimento do projeto na Fiol impacte também na Ferrovia Centro Atlântica (FCA), já em operação mais com nível de investimento básico. Um trecho conhecido dessa ferrovia é a ponte entre São Félix e Cachoeira, no Recôncavo.
A VLI, concessionária que administra a malha da FCA, negocia uma antecipação da concessão junto ao Ministério de Infraestrutura. Na audiência pública que discutiu esse acordo, a Fieb apresentou contribuição defendendo a exigência de um maior aporte de recursos pelo ente privado.