Jovens da ‘geração Z’ não estão preocupados com relações fiscais e podem passar anos no sexo virtual. É o que afirma a psiquiatra e especialista em sexualidade Carmita Abdo em entrevista ao Estadão.
Para o Estadão, Abdo afirma que, o início tardio das práticas sexuais presenciais e a menor frequência de relações na geração Z não significa falta de interesse no sexo, e sim um preferência por vivência sexuais.
“Passados anos, anos e anos de uma atividade masturbatória com o lado de lá, que também está se masturbando, o que acontece é que esse jovem, quando vai iniciar, enfim, uma relação física, ele não tem o mesmo desempenho”, diz a psiquiatra.
“Quando está com alguém fisicamente, ele tem que se preocupar com o tempo, os interesses e o repertório sexual da outra pessoa e ele vê que não havia essa necessidade no virtual e agora há essa necessidade, que incomoda, que interfere, que atrapalha e faz com que o sexo não seja tudo aquilo de prazer que era antes”, acrescenta ao Estadão.
Carmita Abdo pontua que o acesso a conteúdos pornográficos trazem dificuldades para a prática sexual “cara a cara”, podendo ser classificado por jovens que moldam a sexualidade com base nos vídeos produzidos pela indústria pornô como “sem graça”.
“Quantos jovens não chegam ao consultório comentando que não têm ereção. Então, essa pessoa não tem problemas quando está no sexo virtual, mas, diante de uma parceria física, não consegue funcionar”, afirma.
“Então muitos se ressentem e voltam para o virtual. Ou passam a desenvolver relações assexuais, que é quando eu gosto daquela pessoa, me faz muito bem a companhia dela, quero ter carinho, trocar carícias, estar junto fisicamente, mas genitalmente falando não quero complicação, eu quero aquele sexo que eu faço do meu jeito, com o meu ritmo e com as minhas escolhas”, complementa.