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16 de novembro de 2022
Brasil

Gilmar compara bolsonaristas em quartéis a torcedores derrotados no futebol

Giuliana Miranda, Folhapress

O ministro Gilmar Mendes, do STF (Supremo Tribunal Federal), disse nesta quarta-feira (16) que a persistência de manifestantes em atos antidemocráticos, que incluem acampamentos na frente de quartéis contestando o resultado das eleições, é comparável ao comportamento de torcedores quando seus times de futebol são derrotados.

“São manifestações de pessoas que se revelam inconformadas com o resultado eleitoral. Isso acontece com os times de futebol, depois de um eventual resultado não satisfatório”, disse em Lisboa.

Apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL) cobram as Forças Armadas para que promovam um golpe que impeça a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Bolsonaro teve uma inédita derrota para um presidente que disputava a reeleição no país.

O magistrado minimizou a persistência dos atos, ainda que esvaziados na maioria dos dias desde a eleição, e disse que não há expectativa de que eles se intensifiquem com a aproximação da posse do presidente eleito em 1º de janeiro.

“Não tenho essa expectativa [de intensificação]. Do ponto de vista político, o quadro é de absoluta normalidade. Discussões sobre formação de novo governo, projetos de reforma já para o próximo ano, como a prorrogação do Auxílio Brasil, já com as bancadas da Câmara e do Senado. Portanto, todo o ajustamento político reconheceu o resultado.”

As declarações foram feitas antes da participação do ministro em um fórum sobre infraestruturas organizado pelo Fibe (Fórum de Integração Brasil Europa).

Gilmar desembarcou na capital portuguesa diretamente de Nova York, onde participou com outros ministros de um evento marcado por manifestações agressivas por parte de bolsonaristas.

Além de se concentrarem na frente do hotel onde os magistrados estavam hospedados, proferindo ofensas e palavras contra a corte, manifestantes também tentaram impedir que a van com comitiva se deslocasse.

“Eu tenho a impressão de que houve uma certa, talvez, imprevisão por parte dos próprios organizadores do evento. Acho que ninguém esperava que houvesse esse tipo de organização [de manifestantes]”, avaliou.

O ministro destacou que os membros do STF estão, de certa forma, acostumados com protestos, “mas não com essa virulência”.

“Um carro que nos levava de um restaurante até o hotel foi interrompido. As pessoas batiam no vidro. Isso em plena 6ª Avenida e sem que houvesse qualquer ação por parte da polícia. É uma coisa assustadora. Se isso ocorresse em Copacabana, a polícia viria”, comparou.

Em sua fala no fórum, Gilmar mencionou indiretamente o caso: “Estou muito feliz de estar em Lisboa, num ambiente pacífico.”

O ambiente na conferência portuguesa foi absolutamente tranquilo, ainda que, menos de 24 horas antes, cerca de duas dezenas de brasileiros tenham participado de uma manifestação antidemocrática no centro da cidade, pedindo intervenção das Forças Armadas para impedir a posse do presidente eleito.

Ainda assim, por conta dos acontecimentos recentes, houve reforço nas medidas de segurança para o evento.