O Palácio do Planalto prepara uma nova campanha publicitária, desta vez focada nos jovens, para tentar angariar apoio na opinião pública para a reforma da Previdência, alvo de crÃticas inclusive na base aliada ao governo no Congresso. A equipe de Michel Temer, segundo apurou a reportagem, diagnosticou que os jovens formam o segmento mais influenciado pelas crÃticas que correm as redes sociais contra mudanças na aposentadoria e diz que é preciso apresentar os números de forma didática, com o foco no “fim dos privilégios”. Para assessores do presidente, a campanha na internet é liderada por partidos de oposição, como o PT, e precisa ser combatida com argumentos que reverberem entre os mais novos. As peças publicitárias, que deverão ir ao ar na semana que vem, tentarão passar a mensagem de que a reforma da Previdência não é uma reforma de governo, mas de Estado, com o fim dos privilégios dos polÃticos, dos funcionários públicos, além de encontrar um meio termo para categorias como policiais e professores. A equipe responsável por elaborar a campanha, comandada pelo marqueteiro Elsinho Mouco, estava com o novo planejamento de mÃdia praticamente pronto, aguardando apenas uma decisão judicial para a liberação Nesta quinta-feira (6), o STF (Supremo Tribunal Federal) autorizou a publicidade do governo sobre Previdência. A decisão atendeu a pedido da AGU (Advocacia-Geral da União), depois de uma liminar da 1ª Vara Federal de Porto Alegre e de uma decisão do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que impediam a veiculação de propagandas sobre o tema.Nesta sexta-feira (7), o governo ainda divulgará as peças que já foram veiculadas, abrindo espaço para a nova campanha na semana que vem. A equipe de Temer está bastante preocupada com o andamento da reforma da Previdência no Congresso. Principal bandeira econômica do governo, as mudanças na aposentadoria são consideradas, pela maior parte dos parlamentares, impopulares, e têm sofrido crÃticas duras de deputados e senadores da base, as mais diretas feitas publicamente pelo lÃder do PMDB no Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A equipe econômica chegou a dizer que se preocupava com o fato de o fim do sigilo das delações da Odebrecht, marcado para depois da Páscoa, prejudicar o andamento na reforma, visto que deputados e senadores só iriam se preocupar em votar coisas para “salvarem a própria pele”. Entre parlamentares, porém, o argumento é de que a preocupação eleitoral vem antes da preocupação com a aprovação da reforma “desde sempre” e não apenas após o fim do sigilo.