A vice-diretora de uma escola estadual em Salvador é alvo de uma representação proposta pelo movimento “Seu voto muda o Brasil” ao Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA), por suposto ato de improbidade administrativa, após compartilhamento de mensagens supostamente “doutrinárias” durante o período eleitoral, em um grupo de alunos no WhatsApp.
O MP-BA informou que a denúncia chegou ao Centro de Apoio Operacional da Defesa da Educação, que analisa o material, para verificar o conteúdo e encaminhar para um promotor. Só depois da análise, a promotoria vai determinar se o caso será investigado.
Já a Secretaria da Educação do Estado da Bahia esclareceu que, até o momento, não foi notificada pelo MP-BA e que vai apurar a denúncia para definição das medidas administrativas que poderão ser adotadas.
Conforme a representação, os estudantes seriam “vítimas de diárias para propagações de ideologias morais, religiosas, políticas e partidárias, que infringem, ainda, o art. art. 5º, VIII, da Constituição Federal”.
“A suposta prática de humilhação, coação e ameaça direcionada aos alunos também demonstra-se clara, bem como o cristalino intento de doutrinação, que fere os ditames do art. 206, II e III da CF que determina que ao tratar de questões políticas, socioculturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos de forma justa, – isto é, com a mesma profundidade e seriedade – as principais versões, teorias, opiniões e perspectivas concorrentes a respeito da matéria”, diz a representação.
Segundo a denúncia, a gestora enviou mensagens como: “…Vcs pobres e pretos que moram em comunidades, são vcs que a polícia está autorizada a matar a partir de agora…”. “Os patrões financiaram a campanha do Coiso. Pq será?? Pq desejam dar aumentos a vcs. Será??”, disse a diretora em outra mensagem.
A reportagem tentou falar com a vice-diretora, mas não conseguiu retorno até a publicação. O movimento “Seu voto muda o Brasil” é capitaneado pelo ex-candidato a deputado federal Cláudio Silva, que tentou se eleger como “Bolsonaro da Bahia”, mas não conseguiu sucesso, e por Marcelo Meirelles.
O caso chegou ao grupo depois do contato de um aluno pelas redes sociais. Cláudio Silva nega que a representação, apresentada no contexto do que é discutido o projeto Escola Sem Partido na Câmara Federal, configure censura à vice-diretora. “Eu conversei com os alunos e com o pai de um dos alunos que esteve em uma reunião. O objetivo é ter essa garantia, uma proteção, de que não vai haver perseguição a eles por terem declarado o interesse ou vontade de votar em Jair Bolsonaro”, disse Cláudio