20 de fevereiro de 2016
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Imagem Reprodução
O neurologista Mário EmÃlio Dourado, do Hospital Universitário Onofre Lopes, da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), acompanha os casos de sÃndrome de Guillain-Barré em Natal desde 1994, quando passou a se interessar pela doença autoimune que surge após infecções e causa paralisia temporária. Montou um banco de dados próprio. Como a doença não é de notificação obrigatória, as informações do médico são valiosas por mostrar aumento do número de casos depois do surto de zika. Acostumado à média de 13 pacientes ao ano, Dourado registrou 36 vÃtimas da doença em 2015. Foi do médico de Natal o primeiro alerta para a Academia Brasileira de Neurologia, em junho passado, associando zika e Guillain-Barré. Questionado se caso haja epidemia de zika em todo o PaÃs também haverá epidemia de Guillain-Barré, Dourado diz que “vai significar o aumento de casos em todo o PaÃs. Na verdade, foi o que aconteceu em Natal em maio do ano passado. Entre 1994 e 2014,
. Eu via um caso por mês. Em março de 2015, houve três casos, o que já me chamou a atenção. Em abril, foram 7. Em maio, 14. Só nos meses de outono, foram 24 pacientes com Guillain-Barré. Naqueles dias estava no auge a infecção por zika. Mas era pouco conhecida, quase não se ouvia falar em zika, muito menos em microcefalia. Em 2015, tivemos 36 casos de Guillain-Barré”. Sobre qual o desafio para a saúde pública de tantos casos de Guillain-Barré num momento só, ele diz que “é um problema sério; 30% dos pacientes que têm a forma clássica da sÃndrome podem desenvolver insuficiência respiratória. Esses pacientes precisam ser tratados em ambiente hospitalar, em instituições que tenham unidade intensiva, vão precisar de respiração artificial. Imagino que será uma situação catastrófica se a gente não tiver leitos em unidade intensiva”. Sobre a importância de saber qual infecção levou à sÃndrome de Guillain-Barré, o neurologista conta que “essa é uma doença autoimune. É você atacando você mesmo. Mas a gente sabe que essa resposta é desencadeada por um agente infeccioso. Temos de saber em cada Estado o que leva à Guillain-Barré”. Segundo ele, o que a ciência ainda precisa saber sobre Guillain-Barré “do ponto de vista cientÃfico, é importante descobrir como cada micróbio lesa o nervo, como ele age para provocar a sÃndrome. Dessa forma, podemos descobrir medicamentos mais efetivos. Guillain-Barré deve ser uma doença de notificação obrigatória”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.