8 de agosto de 2016
Sem categoria
Foto Brumado Acontece
Compre um, pague dois: essa é a realidade de quem escolhe o crediário como forma de pagamento no comércio. A possibilidade de parcelar em mais vezes e a maior facilidade de aprovação de crédito podem fazer o carnê parecer um bom negócio à primeira vista, mas é preciso prestar atenção à s taxas de juros, que superam 110% ao ano. Como comparação, essa taxa é quase quatro vezes maior do que os juros cobrados no financiamento de veÃculos, de 30,8% ao ano, de acordo com os últimos dados da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac). No caso de empréstimo pessoal em bancos, a taxa está em 67,8%. Por isso, o educador financeiro Vinicius Azambuja, da Novi Soluções Financeiras, acredita que o crediário deve ser a última opção. “A parcela do carnê acaba sendo menor por causa do prazo mais longo. Mas não se engane: quanto maior o prazo, maiores os juros”, diz. Na Casas Bahia, por exemplo, é possÃvel comprar eletrodomésticos e eletroeletrônicos em até 18 vezes no carnê, ao custo de 115,07% ao ano. No Magazine Luiza, a taxa está em 112,9%. Segundo Azambuja, a cultura do parcelamento no Brasil é muito forte e prejudica o planejamento. Se não há urgência em comprar uma televisão, a pessoa pode poupar, mês a mês, e depois comprar o equipamento à vista, com desconto. “Mas o brasileiro faz o contrário: em vez de ganhar juros em uma aplicação, gasta com juros no parcelamento”, diz. Com uma análise de crédito menos rigorosa, o carnê se torna opção para trabalhadores informais que têm dificuldade para comprovar renda, mas também atrai consumidores que já esgotaram outras formas de financiamento, como o cartão de crédito. Na Casas Bahia, os nÃveis de aprovação do carnê chegam a ser três vezes superiores aos do cartão da loja, segundo a empresa, que pede RG, CPF e comprovante de renda para análise. O Magazine Luiza pede
.
Inadimplência
A facilidade na liberação de crédito se reflete na inadimplência. Segundo a Boa Vista SCPC, pela primeira vez desde 2012, o carnê ultrapassou o cartão de crédito como meio de calote na cidade de São Paulo. O cartão de crédito da própria loja também é oferecido como meio de pagamento. É preciso estar atento, pois esses cartões cobram taxas e encargos, como anuidade, e os juros do rotativo – quando consumidor paga apenas o valor mÃnimo da fatura e rola a dÃvida – são altÃssimos. O jornal O Estado de S. Paulo teve dificuldades para descobrir essas taxas nas duas redes varejistas. Na primeira visita à s lojas, os vendedores não souberam informar as taxas do rotativo. O Serviço de Atendimento ao Consumidor (SAC) também não informou as taxas, alegando que elas variam com frequência. Em uma segunda tentativa em lojas fÃsicas, após muita insistência e espera, os funcionários informaram as taxas: na Casas Bahia, o juro do rotativo está em 12,99% ao mês (333% ao ano) e no Magazine Luiza, em 19% ao mês (706% ao ano). Segundo o Procon-SP, essa taxa não precisa estar no contrato, mas o consumidor deve ter acesso prévio aos custos cobrados na utilização do cartão, como juros, parcelamentos ou atrasos, multas e outros encargos. A Casas Bahia afirmou que as taxas de juros variam de acordo com diversos fatores, como promoções periódicas e análise de risco do cliente, e que segue rigorosamente o Código de Defesa do Consumidor. O Itaú Unibanco, responsável pelo crédito do Magazine Luiza, não se manifestou.