Líderes do PT usaram das redes sociais neste domingo (2) para criticar as recentes declarações de Arminio Fraga, ex-presidente do BC (Banco Central), à Folha sobre a pressão que o governo Luiz Inácio Lula da Silva exerce sobre as decisões da autoridade monetária.
Para eles, Fraga faz ameaças ao governo e trabalha para desacreditar a imagem do sucessor de Roberto Campos Neto, cujo mandato como presidente da autarquia se encerra ao final deste ano.
“Arminio Fraga é a estrela do dia na campanha de mídia para desacreditar, por antecipação, o sucessor do bolsonarista Campos Neto no BC. A tal independência do BC é isso: querem proibir Lula de fazer política monetária e cambial. E ainda querem dar lições de política fiscal”, escreveu Gleisi Hoffman, presidente nacional do PT, na rede social X, ex-Twitter.
Na visão de Carlos Zarattini, vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, o ex-presidente do BC, “falando em nome do ‘mercado’, resolveu ameaçar o governo Lula”.
“Para eles, o governo Lula não pode governar. Tem que se submeter ao mercado. Cortar gastos, reduzir o salário mínimo e desvincular saúde e educação dos aumentos de receita”, escreveu, também no X.
As críticas vêm em resposta à entrevista de Fraga publicada no sábado pela Folha, na qual afirmou ver com preocupação o desequilíbrio nas contas públicas e a pressão do governo sobre as decisões do BC em relação à taxa Selic, hoje em 10,5% ao ano.
Ele ainda prevê turbulências na troca de comando da autoridade monetária. “Se quem entrar se meter a besta, a inflação começar a subir e o mercado perder a confiança, vai ser um grande fiasco político, inclusive, e rápido”, diz o ex-chefe do BC.
Fraga foi um dos primeiros economistas de renome a declarar apoio a Lula no segundo turno das eleições presidenciais, em 2022.
Hoje, porém, ele diz ver com pessimismo um governo que “comete velhos erros” e “adoraria” ver o surgimento de uma terceira via nas próximas eleições, ponderando que a inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) abrirá espaço para o surgimento de uma nova liderança mais à direita.
“Neoliberais que votaram em Lula contra Bolsonaro em 22, como é o caso de Arminio, continuaram impondo sua política para os juros, por meio do tal BC ‘independente’. E agora não se conformam com a aproximação do fim do reinado de Campos Neto no BC”, escreve Hoffmann.
“São eles que querem repetir os erros do passado em que mandavam num país que não crescia, não gerava empregos e era submisso ao FMI. Foi por defender ideias assim na economia que o PSDB sumiu do mapa político do Brasil.”
Zarattini ainda criticou o editorial da Folha deste domingo, que defende atenção ao risco de um repique acelerado da inflação à luz da economia e do emprego firmes.
“Além de mentir –a inflação está contida–, não querem redução do desemprego. Para eles a única política econômica possível é sacrificar o povo. Aliás a receita de [Javier] Milei na Argentina”, afirmou