A lÃder da Rede, Marina Silva, disse nesta sexta-feira (7) que o modelo de “lista fechada”, em que o eleitor escolhe um grupo de candidatos pré-definido pelos partidos, excluirá o cidadão e dará “mais poderes para os partidos e para os caciques”, numa eventual reforma polÃtica. “No momento em que você tem uma crise como essa, você tem como resposta mais poderes para os partidos, com a ideia do super fundo partidário. Tem mais poderes para os caciques dos partidos, que seria a história do voto na lista fechada. É uma contradição”, disse, em palestra no MIT (Massachusetts Institute of Technology), em Cambridge. “O cidadão quer participar e, no entanto, a resposta que tem é de mais exclusão.” Marina, que foi derrotada nas duas últimas campanhas presidenciais (2010 e 2014), diz defender o financiamento público de campanha, “mas não com o volume [de recursos] que estão propondo”. O relator da reforma eleitoral na Câmara, Vicente Cândido (PT-SP), sugeriu a criação de um fundo de R$ 2,2 bilhões em dinheiro público para financiar as campanhas de 2018. “O argumento é correto de que é preciso prescindir da contribuição de empresas, por todas as razões que a Lava Jato está mostrando. O problema é que a base de cálculo [do fundo partidário] que vai ser feita é com base em muitos dos que foram eleitos pelo abuso do poder econômico”, disse, em referência a denúncias de caixa dois na última campanha. “Se é para moralizar o processo, então a base de cálculo não pode ser em cima dos que foram eleitos com base no abuso do poder econômico.” A fundadora da Rede elogiou o trabalho da Lava Jato, que, segundo ela, “está fazendo uma reforma polÃtica na prática”. A Lava Jato são pessoas que, com uma determinada postura, estão mudando as estruturas. Se a Lava Jato prospera e se são tomadas medidas para promover o respeito à s leis para acabar com a expectativa ou a certeza da impunidade, ela vai tornar a polÃtica desinteressante para quem quer fazer negócios espúrios com a
Questionada se será candidata à s eleições de 2018, Marina não descartou a possibilidade, mas disse que está fazendo seu “processo de discernimento” sobre o assunto. “Não tenho como projeto de vida ser presidente do Brasil, tenho como projeto de vida que o Brasil seja um lugar melhor para ser viver”, afirmou.
Ela ainda tergiversou ao ser questionada sobre a possÃvel candidatura à presidência do deputado Jair Bolsonaro. “O bom da democracia é que tem espaço para que todos se coloquem”, disse.
Sem citar diretamente o processo no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) que pede a cassação da chapa Dilma-Temer, Marina disse esperar que a Justiça Eleitoral seja “exemplar” em relação a denúncias de caixa dois de campanha.
“A Justiça Eleitoral precisa ser exemplar em relação aos crimes eleitorais, para que essas coisas não aconteçam [mais]”, disse, acrescentando crÃticas as discussões sobre anistia ao caixa dois de campanha. “Caixa dois é um crime eleitoral.”
Marina ainda disse não ser possÃvel “concordar com medidas que estão sendo tomadas para inibir o trabalho da Justiça”, como o o projeto de lei que define os crimes de abuso de autoridade, em discussão no Congresso. “O projeto de abuso de autoridade infelizmente é o próprio abuso da autoridade em relação à Lava Jato, querendo frear as investigações”, afirmou.