Não há político hoje na Bahia mais feliz do que o senador Jaques Wagner (PT). Ele já havia postado ontem, em suas redes sociais, que a decisão do ministro Edson Fachin sobre Lula era o seu melhor presente de aniversário de 70 anos, que completa na semana que vem.
É mais do que isso. Lula livre e em campanha à Presidência da República, que é o que agora todo mundo espera, é a garantia de que Wagner assume uma condição de favoritismo à sucessão estadual de 2022 que lhe faltava desde que começou a se movimentar neste sentido.
O cenário positivo a nomes petistas ou esquerdistas nos Estados com Lula na pista se repete em praticamente todo o país em decorrência do casamento que ocorre entre as candidaturais presidenciais e estaduais em todas as eleições nacionais.
Com Lula em campanha, não há mais quem duvide da viabilidade de recondução do PT ao governo baiano mesmo depois de todo o desgaste de 16 anos de gestão. A começar pelo governador Rui Costa, que deve abrir mão de se candidatar ao Senado em troca da possibilidade de uma vaga num eventual ministério lulista.
Era um quadro que não se desenhava exatamente porque Lula não estava nele e se torna, de cara, extremamente favorável a Wagner, que se fortalece internamente no PT, frente a Rui e entre o grupo de partidos aliados que passam a ver nele a doce expectativa de poder para 2022.
Afinal, não é para qualquer um contar com uma alavanca presidencial que tem 60% do eleitorado baiano.
Se o destino parece sorrir para o ex-governador no momento em que faz 70 anos, ele se mostra, em contrapartida, hostil ao candidato das oposições na Bahia, a quem o favoritismo parecia rondar, apesar da indefinição da candidatura presidencial à qual amarraria sua campanha.
ACM Neto, que acumula a presidência nacional do DEM com a de virtual candidato à sucessão de Rui, pode começar a ver a terra tremer sob seus pés. Em primeiro lugar, exatamente porque não demonstrava estômago para fechar com Jair Bolsonaro, com quem, pelo menos a princípio, a polarização política nacional deve se estabelecer.
Depois, porque, mais do que nunca, terá dificuldade de atrair para sua chapa partidos hojes aliados ao PT que demonstravam não só insatisfação com o atual governador como o desejo de galgarem novos espaços na máquina estadual a partir de uma reconfiguração da política baiana.