Um novo medicamento experimental para tratar o Alzheimer deu sinais positivos para retardar o agravamento da doença. Pela primeira vez na História, o experimento com lecanemab, nome atribuído ao tratamento, conseguiu reduzir em 27% o agravamento dos sintomas das doenças neurodegenerativas.
Essa enfermidade destrói lentamente as habilidades da memória e do pensamento, entre outras funções mentais importantes.O resultado da droga experimental foi apresentado pela farmacêutica japonesa Eisai, em parceria com a empresa norte-americana de biotecnologia Biogen.
Os dados promissores dos testes clínicos de fase 3, última etapa dos estudos, foram divulgados na revista científica New England Journal of Medicine, na terça-feira 29.
“Havia uma grande expectativa em relação à publicação desses resultados”, afirma Paulo Caramelli, coordenador do conselho consultivo da Sociedade Internacional para o Avanço da Pesquisa e Tratamento da Doença de Alzheimer (ISTAART). “Mas o que se viu é que o grupo tratado com o remédio teve uma progressão da doença significativamente mais lenta que aqueles que receberam o placebo.”
Os pesquisadores conduziram o estudo do medicamento com quase 1,8 mil pessoas entre 50 a 90 anos de idade, diagnosticadas com Alzheimer em estágio inicial. A equipe avaliou o impacto do tratamento depois de um período de 18 meses. Segundo o estudo, o lecanemab eliminou as placas de proteína beta-amiloide formadas no cérebro, compreendidas hoje entre os cientistas como uma das causas conhecidas da doença.
“É a primeira medicação que de fato teve um resultado positivo e trouxe consistência dos dados”, explica o neurologista Adalberto Studart Neto, da Universidade de São Paulo. “O grande desafio agora é saber se esse resultado se mantém a longo prazo. Mas, certamente, vai ser um divisor de águas neste momento em que estamos vendo novas formas de tratamento.”
Idosos que foram contaminados pela covid-19 têm risco “substancialmente maior” de desenvolver Alzheimer, sugere estudo publicado no Journal of Alzheimer’s Disease, realizado com pacientes de mais de 65 anos de idade. A publicação mostra que o risco de desenvolver a doença nesse público é entre 50% e 80% maior que entre os participantes do grupo de controle.
A pesquisa, realizada pela Case Western Reserve University, nos Estados Unidos, analisou os prontuários de mais de 6 milhões de pacientes e mostrou que o maior risco foi observado em mulheres acima de 85 anos. Os pesquisadores dizem que não está claro se a covid-19 desencadeia o desenvolvimento do Alzheimer ou se apenas acelera o seu aparecimento.
Alzheimer
Os fatores envolvidos no desenvolvimento do transtorno não foram totalmente compreendidos, mas dois elementos devem ser considerados importantes: as infecções anteriores, especialmente as virais, e as inflamações. Como a infecção pelo Sars-CoV-2 é associada a anomalias do sistema nervoso central, incluindo inflamações, a equipe quis comprovar se, “em curto prazo, a covid-19 poderia levar a um aumento dos diagnósticos”.