Responsável por intermediar o contato do hacker Walter Delgatti Neto com o jornalista Glenn Greenwald, a ex-deputada Manuela D’Ávila (PCdoB) afirmou, em entrevista à Folha, que sua participação “não faz uma grande diferença” diante do que foi revelado posteriormente pelo site The Intercept Brasil, que tem publicado há meses conversas do aplicativo Telegram entre diversas autoridades, como o ministro Sérgio Moro e procuradores da Lava Jato. “Para mim, o mais importante na entrevista e também em toda a operação ‘Vaza Jato’ é a relevância dos documentos que estamos tendo acesso. Os documentos que eu entreguei para a polícia, e que a polícia fará a perícia, comprovam as informações que prestei de forma voluntária. Tenho absoluta tranquilidade em relação a isso. A minha versão, que será comprovada pela perícia voluntária, é algo irrelevante diante dos fatos”, disse a comunista, vice na chapa presidencial de Fernando Haddad (PT) na última eleição. “A decisão que tomei me honra porque, hoje, o Brasil sabe a partir do trabalho do Glenn, do Intercept e de outros veículos de comunicação, o envolvimento dessas autoridades em crimes horrendos”, declarou. A ex-deputada reiterou que não conhecia o hacker e que foi procurada por ele no Dia das Mães, via Telegram. “Não sei quem é a pessoa fisicamente, não sei como é a voz dela. Ela relatou crimes de autoridades envolvidas na Operação Lava Jato, especificamente”, disse. Manuela relatou que, antes de passar o contato de Greenwald ao hacker, consultou seus advogados – o ex-ministro José Eduardo Cardozo e o criminalista Alberto Toron – para ter segurança jurídica. Ela prestou depoimento e entregou seu celular esta semana na sede da Polícia Federal em Brasília.