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13 de janeiro de 2016
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Morre paciente que tinha conseguido acesso a fosfoetanolamina

Imagem Reprodução

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Morreu nesta terça-feira (12) um paciente de Votorantim (SP) que tinha conseguido na Justiça uma liminar para que a Universidade de São Paulo (USP), campus em São Carlos (SP), fornecesse cápsulas de fosfoetanolamina sintética para ajudar no tratamento contra o câncer. Em entrevista ao G1, o advogado da família, Felipe Muzel, afirma que Enoque dos Santos, de 66 anos, não teve tempo de tomar a fosfoetanolamina, já que a USP atrasou a entrega das cápsulas. “Acredito que o medicamento chegaria para ele ainda nesta semana, mas, como a doença estava muito avançada, ele não conseguiu experimentar o medicamento. Pensamos até em entrar com ações de multa [em caso de atrasos] e até requerimento de apreensão das cápsulas, mas ele morreu antes disso”, explica Muzel. Distribuída pela USP de São Carlos por causa de decisões judiciais, a fosfoetanolamina, alardeada como cura para diversos tipos de câncer, não passou por testes em humanos necessários para se saber se é mesmo eficaz, e por isso não é considerada um remédio, como destaca a própria universidade. Ela não tem registro na Anvisa e seus efeitos nos pacientes são desconhecidos.
Tampouco se sabe qual seria a dosagem adequada para tratamento. Relatos de cura com o uso dessa substância não são cientificamente considerados prova de eficácia, já que não tiveram acompanhamento adequado de pesquisadores. As cápsulas com a substância foram distribuídas gratuitamente pela USP de São Carlos a pacientes com câncer por mais de 20 anos. O pedido tinha sido protocolado na Justiça Federal de Sorocaba em dezembro. Enoque dos Santos tinha 66 anos e estava internado no Hospital Santo Antônio devido a um câncer de próstata em estágio de metástase. O sepultamento do aposentado foi no Cemitério da Consolação, na manhã desta quarta-feira (13). Com liminar – Apesar de ser tida como a cura do problema, a fosfoetanolamina não passou por nenhum teste em humanos e por decisões judiciais teve de ter sua distribuição interrompida em junho do ano passado. Por causa da decisão, muitos recorreram à Justiça. Em outubro deste ano, a briga foi parar no Supremo Tribunal Federal, que autorizou a produção e distribuição do produto. Mas, desde novembro, a distribuição da substância foi novamente suspensa. A fosfoetanolamina não possui registro na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o oncologista Gilson Delgado explica que ainda não é possível saber a reação do componente no organismo. “Não sabemos como [a substância] funciona, como o organismo pode receber esse medicamento, nem os tipos de doença que ela pode melhorar e pior, se ela tem um tipo de toxicidade que não está sendo observado”, analisou. (G1)