O professor de Direito e analista do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), Jaime Barreiros Neto, afirmou que não existe necessidade de voto impresso, como defende o presidente Jair Bolsonaro. Para o especialista, o voto, mesmo impresso, continuaria a ser secreto e daria brecha para artimanhas que coloquem em xeque a lisura da votação.
“O problema do voto impresso é o seguinte: o voto continuará sendo secreto. Imagine o seguinte, que nós tenhamos a eleição municipal voto a voto. Dois candidatos a prefeito disputando, um deles sabendo que vai perder uma determinada seção eleitoral por pesquisa. Ele sabe que ali o adversário vai ganhar. Ele combina com 10 eleitores para que criem uma confusão e digam que o voto que foi impresso não foi o que eles deram. Ninguém vai saber se eles estão falando a verdade ou não, porque o voto continuará sendo secreto, e assim feita a confusão, o problema só tem dois caminhos: o juiz eleitoral vai ser chamado, e ou ele valida o resultado, e aí será alvo de críticas, de dúvida sobre a lisura do processo. Ou então ele vai anular toda a urna eletrônica e vai prejudicar o candidato que não participou da fraude”, avalia.
“Existem várias etapas que demonstram essa confiabilidade. São muitas pessoas envolvidas, muitas instituições envolvidas na proteção das várias etapas do processo de votação e apuração das eleições. Todo esse processo é público. Então, por todas essas camadas de proteção que existem no sistema, não apenas a urna, eu diria que não há necessidade do voto impresso, mas a discussão é legítima”, acrescenta.
Guilherme Reis