O novo secretário geral da ONU, Antônio Guterres, declarou no dia 27 durante uma cerimônia em memória das vítimas do Holocausto, na sede das Nações Unidas que “o Império Romano não só destruiu o templo em Jerusalém como fez judeus párias em muitos sentidos”. Poucos dias depois, reconheceu em entrevista a uma rádio de Israel onde afirmou: “claro que o Templo, que foi destruído pelos Romanos, era um templo judeu”. Acrescentou ainda que “ninguém pode negar o fato de Jerusalém ser, hoje em dia, uma cidade sagrada para três religiões [judaísmo, cristianismo e islamismo]”. Ao reconhecer que o relato bíblico se sobrepõe às resoluções das Nações Unidas, suas palavras geraram protestos de líderes palestinos. Adnan al-Husseini, o ministro para os Assuntos de Jerusalém, da Autoridade Palestiniana, reclamou que Guterres “negligenciou as resoluções da UNESCO, as quais dizem claramente que a Mesquita de Al-Aqsa é uma herança islâmica”. Ele classificou as declarações de Guterres como “uma violação para todas as regras humanas, diplomáticas e legais e uma violação da sua posição como secretário-geral” da ONU. Em nota, a Autoridade Palestiniana exigiu que Guterres pedisse desculpas pelo que disse. Insiste que as declarações de Guterres são um “golpe para a credibilidade da Nações Unidas como uma organização global que devia manter-se ao lado dos povos ocupados e contra o poder da ocupação”. Até agora ele não se posicionou. Segundo o Times of Israel o vice-chanceler Tzipi Hotovely elogiou Guterres pela sua postura: “Eu louvo o secretário-geral da ONU por levantar-se pela verdade histórica sobre o Monte do Templo e a conexão histórica do povo judeu e Jerusalém. Você não pode cortar uma ligação profunda de 3.000 anos entre o povo de Israel e Jerusalém”. Logo se criou um incidente diplomático. Afinal, o novo secretário-geral tomou uma postura pública que contraria as resoluções recentes da UNESCO (a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) que referiam-se ao local pela terminologia em árabe (mesquita Al-Aqsa e Al-Haram Al-Sharif). O texto falava de uma “Palestina ocupada” e defendia a salvaguarda da “herança cultural palestina e o caráter distintivo de Jerusalém Oriental”. Ao fazer isso, as Nações Unidas colocaram o Muro das Lamentações no patamar de ‘território ocupado’. Com todo o espaço que Israel ganhou no mundo diplomático após a eleição de Trump, chama atenção que algum efeito já pode ser sentido nas Nações Unidas, que vinham continuamente tomando decisões contra Israel.