Mais uma vez o excesso de marketing de João Doria (PSDB-SP) atrapalhou o que poderia ser uma notícia só com pontos positivos, avaliam aliados e adversários do governador.
O anúncio da criação da ButanVac, conforme publicação da coluna Painel, do jornal Folha de São Paulo, seria excelente de qualquer forma e não havia necessidade de carregar nas tintas sobre ser 100% nacional, eles dizem.
Os políticos ouvidos pela coluna também analisam que, pelo momento, o tucano não precisava ter usado de ironia com Jair Bolsonaro no episódio. Como a Folha mostrou, o candidato a imunizante, chamado de 100% nacional, foi desenvolvido nos EUA, no Instituto Mount Sinai.
Doria e Dimas Covas, do Butantan, não mencionaram a parceria em entrevista nesta sexta (26). Nas redes sociais, o governador comemorou com a mensagem “Grande dia!”, slogan do presidente.
Mais tarde o governo Bolsonaro anunciou que tinha a sua candidata à vacina (sem a grife do Butantan, mas com a USP de Ribeirão Preto). E mais, o pedido para testes clínicos, a mesma fase que está a ButanVac, tinha sido feito antes para a Anvisa, na tarde de quinta (25).
Na visão dos políticos, o episódio mostra que, de um lado, Doria exagera na dose, e, do outro, o governo federal se comunica mal —além de errar muito e ter negligenciado a pandemia por um ano.
Doria disse não considerar ter passado do ponto e acha que foi transparente. Pessoas próximas a ele compararam a produção da vacina à da Embraer, que é nacional, mas usa peças do mundo todo.