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7 de abril de 2018
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Operador de energia diz que falha humana provocou apagão de março

Foto Rede Acontece

Foto Rede Acontece

A divulgação de relatório preliminar sobre as causas do apagão que deixou 70 milhões de pessoas sem luz em 21 de março opôs o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) à BMTE (Belo Monte Transmissora de Energia), empresa que opera as instalações nas quais o problema foi iniciado. Para o operador, o blecaute foi provocado por falha humana na programação de um disjuntor da subestação Xingu, parte do sistema de escoamento da energia da usina de Belo Monte, no Pará. A BMTE, controlada pela chinesa State Grid e pela Eletrobras, diz que o problema foi causado pela “condição provisória” do sistema, que operava com “risco de desligamento por falha simples”. O apagão deixou 14 estados do Norte e do Nordeste sem luz e teve reflexos em outras regiões, com cortes isolados para reequilibrar a frequência da rede de transmissão. O diretor-geral do ONS, Luiz Eduardo Barata, disse nesta sexta (6) que o sistema de proteção do disjuntor estava programado de forma equivocada para operar com corrente máxima de 4.000 amperes, enquanto sua capacidade chega a 5.000 amperes. A programação teria sido feita pela equipe técnica da BMTE e não informada ao operador do sistema. Quando a corrente superou o teto programado, o disjuntor caiu, derrubando a ligação entre Belo Monte e o resto do país. “A proteção enxergou como se houvesse uma sobrecarga, mas não era sobrecarga”, disse Barata. O Norte caiu porque a rede ficou com mais energia do que consegue consumir. Já o Nordeste ficou com menos energia do que a demanda naquele momento, já que importava do Norte volume equivalente.

Uma falha no sistema de proteção da hidrelétrica de Paulo Afonso (BA) derrubou duas unidades geradoras da usina e contribuiu para o blecaute total em um momento em que apenas 50% da carga da região havia sido cortada.

A BMTE admite a falha no ajuste do disjuntor, mas diz que a configuração do sistema de transmissão de Belo Monte na hora do apagão era “degradada” e “provisória”.

“Estamos trabalhando com uma situação que equivale a maiores riscos de contingências do que o planejado.”

Inaugurado no fim de 2017, o sistema começou a operar sem a segunda conexão prevista entre a usina e a subestação, que só entrou em operação no fim de semana seguinte ao apagão.

A obra era de responsabilidade da espanhola Abengoa, mas foi transferida à BMTE devido a dificuldades financeiras daquela empresa, hoje em recuperação judicial.

O ONS admite que a segunda conexão poderia ter evitado o apagão, ao absorver a energia que era escoada pela primeira. Mas defende que a causa do blecaute não tem relação com o atraso nas obras.

A BMTE diz ainda que não houve testes do disjuntor com a carga máxima antes do dia do apagão, o que poderia detectar a falha de programação.

O relatório final com a conclusão das investigações sairá em até 15 dias e será encaminhado à Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica). Com informações da Folhapress.