Concorrendo a sete indicações, “Pantera Negra” é o primeiro longa de super-herói da história a disputar o Oscar de melhor filme. A obra de Ryan Coogler, que foi recordista de bilheteria nos Estados Unidos no ano passado, narra a história de T’Challa, herdeiro do trono de Wakanda, país fictício e avançado na África. O protagonista, vivido por Chadwick Boseman, enfrenta a oposição de Killmonger (Michael B. Jordan), que também aspira o posto. Além de melhor longa, a produção da Marvel concorre ainda em direção de arte, figurino, edição de som, mixagem de som, trilha sonora e canção original. A grande sacada desse filme, e que o faz pairar acima da média desse gênero sempre tão pasteurizado, é que o diretor soube incluir na trama elementos urgentes e que ressoam as tensões raciais nos Estados Unidos. Coogler, que despontou contando a história de violência policial em “Fruitvale Station”, fez reverberar em “Pantera” um tanto da crueza das ruas de Oakland, na Califórnia, de onde ele veio. Killmonger é um “gangsta” à sua maneira, um sujeito que tem na violência a grande resposta contra o racismo. E não faltou quem visse em T’Challa, o líder pacificador, um tanto de Barack Obama. Essa dualidade, longe de cair num maniqueísmo fajuto, ajudou a dar ao filme a sua ressonância cultural. O impacto do filme foi tamanho que membros da Academia de Hollywood, que concede o Oscar, chegaram a cogitar a criação de uma categoria de produção pop para contemplar o sucesso.