8 de fevereiro de 2016
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A visita do papa Francisco ao estado mexicano de Chiapas parece destinada a celebrar a “Igreja indÃgena” da região, uma mescla de catolicismo e cultura indÃgena que no passado o Vaticano considerou uma distorção da liturgia tradicional. A inclusão de ramos de pinheiro e ovos, a referência maia ao “Deus Pai e Mãe” e o uso de elementos indÃgenas nas missas costuma causar incômodo entre as autoridade eclesiásticas. No entanto, não ocorre tal situação com o primeiro papa latino-americano da história. De acordo com o Vaticano, Francisco vai baixar um decreto em 15 de fevereiro, dia da visita do pontÃfice a San Cristóbal de Las Casas, autorizando o uso de lÃnguas indÃgenas nas missas. As cerimônias em Chiapas vão incluir leituras e canções em três lÃnguas locais. “Dentro da Igreja sempre tem havido erros”, admitiu o bispo de San Cristóbal, Felipe Arizmendi. “Por isso, reconhecemos que muitas vezes não temos dado o lugar merecido aos indÃgenas.” A visita papal terá lugar em meio a enérgicos questionamentos à Igreja de Chiapas e ao grande avanço de protestantes nas regiões pobres do estado, que tem o maior Ãndice de pobreza do México (76,2%). Os desafios sempre têm influenciado as relações da Igreja com as comunidades indÃgenas, que durante séculos lutou para manter suas tradições e independência. As práticas religiosas em algumas comunidades estimulam o abuso do álcool e reverenciam os caciques indÃgenas.
A aceitação de Francisco de pelo menos algumas versões indÃgenas de catolicismo em Chiapas é coerente para um pontÃfice que não tem se abstido de honrar causas outrora marginalizadas pelas autoridades do Vaticano. Além disso, mostra a disposição do papa em sua “opção preferencial pelos pobres”. Durante suas visita à BolÃvia, no ano passado, Francisco orou no lugar em que um jesuÃta da teologia da libertação foi torturado e assassinado por paramilitares. Em Chiapas, Francisco visitará a diocese de San Cristóbal, lugar de dois dos mais conhecidos defensores dos indÃgenas na história mexicana: o bispo Bartolomé de las Casas, que fez seu trabalho no século 16, e Samuel Ruiz, que morreu em 2011. (AFP)