18 de janeiro de 2016
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Uma pesquisa inédita, realizada por cientistas da Universidade College London, propõe mudanças no diagnóstico de Parkinson: o grupo de pesquisadores da instituição inglesa afirma que é possível antecipar os primeiros sinais da doença anos antes de sua manifestação crítica e sugere uma antecipação das receitas médicas visando preveni-la. Segundo os estudiosos, a precipitação do diagnóstico em três a cinco anos diminuiria significantemente a perda de atividade neurológica causada pelo mal, atrasando-a em um tempo máximo estimado em 20 anos. O adiantamento seria possível pela identificação de quadros clínicos frequentemente apresentados entre pacientes da enfermidade anos antes dela se manifestar. Mas seria preciso uma combinação de diferentes sinais, como perda de olfato conjunta, ou distúrbio comportamental do sono REM (leia quadro). “Acredita-se que o Parkinson pode estar muito avançado quando é feito o diagnóstico clínico e a indicação de tratamento.
Identificar indivíduos nos estágios iniciais da doença pode ser o caminho para revelar ou readaptar o uso de medicamentos e para prevenir ou atrasar a manifestação dessa enfermidade”, afirma na carta de apresentação do trabalho a pesquisadora Anette Schrag, da Universidade College London, que lidera a equipe. Os dois pontos da polêmica da tese, e que geram debate entre os neurologistas, são como provar a efetividade do remédio nos estágios iniciais e como ter certeza do diagnóstico tantos anos antes. A principal questão gira em torno da efetividade dos remédios. O próprio estudo se refere a eles como “neuroprotetores em potencial”, sem garantir total confiança na proteção do neurônio, nem entrar em detalhes sobre qual remédio específico deveria ser usado antecipadamente. A ideia defendida é de que substâncias neuroprotetoras fortaleçam as células nervosas de forma a evitar ou postergar sua queda de atividade. “A academia vem discutindo isso, mas ainda não existe consenso sobre os medicamentos funcionarem como neuroprotetores efetivos. Então ainda não se estabeleceu se vale a pena começar mais cedo”, afirma o neurologista carioca Carlos Egger. Para antecipar o diagnóstico, os ingleses sugerem um cálculo de probabilidade a partir de uma gama de fatores clínicos, genéticos e comportamentais. Para calcular a probabilidade de desenvolvimento da doença, a equipe usou dados estatísticos de outra pesquisa recente da mesma autora, que teve como base estudos referentes a 54 mil pessoas, das quais 8 mil pacientes com Parkinson. O histórico familiar, por exemplo, pode quadruplicar as chances. Os dois fatores clínicos de estágio inicial que mais potencializam o diagnóstico são a perda de olfato e o distúrbio comportamental do sono REM (fase do sono na qual ocorrem os sonhos), caracterizado por pesadelos nos quais a pessoa grita, chora, dá socos ou pontapés. O estudo aponta que, combinados, eles refinam as estimativas de se converter, no futuro, em degeneração dos neurônios, como a que ocorre no Parkinson. Mas também estão entre os principais índices clínicos constipação, ansiedade e depressão. Entre os fatores comportamentais, o consumo de café, álcool, alimentos com agrotóxicos e o tabagismo são os principais a serem analisados, mas servem de complemento para os genéticos e clínicos. Surpreendentemente, o consumo de álcool, café e tabaco foram apontados como positivos, pois diminuem a probabilidade de desenvolvimento da doença. Já acidentes na região da cabeça e altos índices de ingestão de alimentos com pesticidas, aumentam as chances.