Capitã Marvel, primeiro filme do Universo Cinematográfico da Marvel estrelado por uma mulher, chegará aos cinemas no começo de 2019. E, se depender do presidente do estúdio, Kevin Feige, não demorará até que outra heroína dos quadrinhos apareça nas telas. Em entrevista à BBC, ele diz que há a possibilidade de inserir a jovem Kamala Khan (ou Miss Marvel) no UCM após o longa do ano que vem. “Nós temos planos para isso, assim que apresentarmos a Capitã Marvel para o mundo”, disse Feige. Sem revelar mais detalhes, a declaração bastou para aquecer o coração dos fãs da personagem.
Criada em 2014, Kamala é uma adolescente de origem paquistanesa e que mora com a família em Nova Jersey, nos EUA. Nerd, ela escreve fan fictionsdos Vingadores, frequenta (a contragosto) a mesquita do bairro e, por seguir as tradições de sua religião, se sente diferente em relação ao resto do colégio, o que não raro a deixa chateada. Em “Miss Marvel, Nada Normal“, sua HQ de estreia, vemos como ela conseguiu os seus poderes. Voltando de uma festa, Kamala se depara com uma estranha nuvem que cobre toda a cidade. Ao entrar em contato com ela, a garota começa a ter alucinações com a sua ídolo: Carol Danvers, a Miss Marvel original e que, hoje em dia, assumiu o nome de Capitã. Após um desmaio, ela percebe que o seu corpo está diferente. Dentre as suas novas (e poderosas) habilidades, estão o fator de cura acelerado e a capacidade de esticar, aumentar, diminuir e alterar a sua forma física da maneira que ela quiser. Tempos depois, descobre-se que Kamala possui genes inumanos, que foram ativados com a tal nuvem que, na verdade, era o resultado de uma bomba terrígena, lançada por Raio Negro, líder dos Inumanos.
Com uma pequena ajuda de um amigo, ela improvisa um uniforme, adota o antigo nome de sua heroína favorita e começa a combater o crime. Das características da sua roupa ao significado de “Kamala”, todo esse novo universo busca referências na cultura muçulmana. As responsáveis por isso? A quadrinista G. Willow Wilson e a editora Sana Amanat, que desenvolveram a ideia de criar uma heroína que representasse o Islã na Marvel. Wilson é muçulmana e Amanat possui ascendência paquistanesa, assim como a nova Miss Marvel. A editora se inspirou em suas experiências da adolescência em Nova Jersey para criar o pano de fundo da história, cheio de detalhes sobre uma cultura com a qual não estamos acostumados. O dia a dia de Kamala com seus rígidos pais, as tradições religiosas do seu bairro e até as restrições alimentares na cantina do colégio. Está tudo ali.
O que esperar de um filme da heroína
A criação da dupla rendeu bons frutos. Em 2015, a HQ venceu o Prêmio Hugo de Melhor Graphic Story, dado às melhores histórias de fantasia ou ficção científica publicadas nesse formato. A personagem ganhou rapidamente o carinho do público, muito por conta de sua personalidade e de toda a euforia que ela demonstra por andar lado a lado com os seus heróis favoritos. Um filme da nova Miss Marvel pode trazer tanta representatividade quanto Pantera Negra trouxe ao tratar de temas como racismo e cultura africana. É o que diz a jornalista Coco Khan em um artigo para o jornal britânico The Guardian. Para ela, uma aventura com uma super-heroína muçulmana poderia ajudar a combater o preconceito contra a religião e a diminuir os estereótipos de personagens islâmicos em Hollywood, raramente vistos em papéis principais.