A mineradora Vale prevê investir US$ 4,4 bilhões em 2019 e dedicar mais atenção a metais básicos, como nÃquel e cobalto, que, na avaliação da companhia, terão aumento de demanda e de preços nos próximos anos, seguindo a “revolução dos veÃculos elétricos”.
Os anúncios foram feitos nesta terça-feira (4) pelo presidente da mineradora, Fabio Schvartsman, na Bolsa de Nova York, onde a empresa realizou um evento de aproximação com investidores.
O valor total representa um aumento de quase 19% em relação aos US$ 3,7 bilhões investidos neste ano pela mineradora. Dos US$ 4,4 bilhões, cerca de 70%, ou US$ 3 bilhões, serão destinados ao Brasil.
A empresa anunciou ainda que pretende focar mais nas operações de metais básicos, com o objetivo de aproveitar a maior demanda que vai acompanhar o aumento da produção de veÃculos elétricos.
“Estamos integrando metais básicos como uma parte regular da Vale. Para nós, esses metais serão tão importantes quanto o minério de ferro. E não há como sermos uma empresa bem-sucedida se não formos bem-sucedidos em minério e metais básicos”, afirmou o presidente da Vale.
“A mudança de orientação começou quando mudamos a administração. Eduardo Bartolomeo [diretor executivo de metais básicos] entrou na empresa um ano atrás. Eu voltei do Canadá com ele, onde visitamos operações, e vocês não fazem ideia de como elas estão diferentes de como estavam um ano atrás.”
A mineradora vai investir US$ 500 milhões de 2019 a 2022 no projeto Lucy, uma barragem que será construÃda na Nova Caledônia.
“A decisão de continuarmos sozinhos foi feita porque achamos que a VNC pode ser uma parte muito importante de nossa estratégia para fornecimento do mercado de nÃquel, principalmente por causa dos veÃculos elétricos”, afirmou. “Pensamos inicialmente que podÃamos ter um parceiro, mas foi num momento em que não tÃnhamos clareza sobre essa revolução de veÃculos elétricos.”
Ele se referiu aos investimentos de montadores e a uma produção de 14 milhões de carros elétricos nos próximos anos, o que vai se traduzir em uma demanda por metais básicos.
No “Vale Day”, Schvartsman falou ainda que a mineradora não prevê mais injetar o dinheiro que coloca hoje na Samarco, joint-venture com a BHP Billiton, a partir de 2023.
“Vamos ter restrições de licenças e recomeçar as atividades com um terço da capacidade da Samarco, gerando uma quantidade de caixa muito limitada nesse perÃodo. É por isso que somente em alguns anos a Samarco vai conseguir gerar dinheiro para pagar dÃvida”, ressaltou.
Em 2018, a mineradora injetou mais de US$ 300 milhões na joint-venture.
A empresa também pretende aumentar a remuneração aos acionistas, considerando que não vai ter tanta necessidade de investimento como no passado. “Nós vamos distribuir aos acionistas grandes partes de nosso fluxo de caixa livre, dado o fato de não precisarmos fazer grandes investimentos em nossas operações hoje.”
No evento, Schvartsman falou sobre a expectativa de trabalhar com o governo eleito de Jair Bolsonaro (PSL).
“Temos um novo governo que vai começar em janeiro e achamos que é nossa responsabilidade ajudá-lo o quanto possÃvel a ser bem-sucedido. O pudermos fazer para melhorar as probabilidades de o novo governo ser bem-sucedido, faremos, assim como faremos com qualquer governo eleito”, afirmou.
O presidente da mineradora falou ainda sobre declarações anti-China de Jair Bolsonaro, que já afirmou que os “chineses não estão comprando no Brasil. Eles estão comprando o Brasil.”
“Estamos muito orgulhosos de nossa forte relação com a China. Vendemos muito de nossa produção lá, na verdade vendemos hoje quase 50% para a China. Somos a favor de uma boa relação entre os paÃses e vamos continuar a ajudar o Brasil a entender melhor e a continuar a construir uma boa relação com eles”, afirmou Schvartsman.