O vice-prefeito de Lauro de Freitas, Vidigal Cafezeiro (Republicanos), também foi alvo da Operação Overclen, deflagrada nesta terça-feira (10) pela Polícia Federal (PF) com o objetivo de desarticular uma organização criminosa suspeita de atuar em fraudes de licitações, desvio de recursos públicos, corrupção e lavagem de dinheiro que teve início na sede baiana do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e se ramificou.
Vidigal, que é primo do desembargador Raimundo Sérgio Sales Cafezeiro, do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), foi alvo de busca e apreensão na residência, segundo determinou o juiz federal Fábio Moreira Ramiro, da 2ª Vara Federal de Salvador, que autorizou a operação. O Política Livre teve acesso à íntegra da decisão.
O nome de Vidigal foi incluído a pedido do Ministério Público Federal (MPF), que, ao lado da Receita Federal e da Controladoria-Geral da União (CGU), também atuam nas investigações. No processo, há um capítulo dedicado a atuação da quadrilha, liderada por empresários e políticos, entre eles o ex-superintendente do Dnocs na Bahia, Lucas Lobão, em Lauro de Freitas.
O documento judicial aponta a “prática de fraudes e direcionamento de licitação na Prefeitura” na gestão da prefeita Moema Gramacho (PT), o que ocorreria em favor da empresa Pap Saúde Ambiental Eireli, administrada por Alex Parente, considerado o chefe de todo o esquema investigado pela Operação Overclen.
Segundo a ação, os recursos para subsidiar o grupo criminoso em Lauro de Freitas saia dos cofres do Fundo Municipal de Saúde (o vice-prefeito foi secretário da pasta na gestão de Moema). “A autoridade policial afirma que, a partir da medida de afastamento de sigilo telemático, verificou-se que Vidigal solicitou vantagem indevida a Alex Parente, consubstanciada no pagamento de dívida contraída em nome próprio”, disse o juiz no processo.
“O MPF (Ministério Público Federal) ressalta que Vidigal solicita a Alex que acerte o pagamento do aluguel do veículo HB20, cuja soma das duas faturas em aberto equivale a R$ 2.185,42, apesar da dívida ter sido supostamente contraída por Vidigal, sem justificativa aparente a não ser pelo fato de Alex ter contrato com a Prefeitura de Lauro de Freitas”, acrescenta o magistrado.
Além de Vidigal, o capitulo dedicado a Lauro de Freitas no processo cita também a participação no esquema de Ailton Figueiredo Souza Júnior, vereador eleito pelo PSDB do município de Nazaré e figura muito próxima de Moema. No caso de Ailton, o juiz autorizou a prisão preventiva, além da busca e apreensão.
“Ailton Figueiredo Souza Júnior possui amplo e irrestrito acesso aos mais diversos setores da Prefeitura Municipal de Lauro de Freitas, mantendo relação próxima com os gestores. Pelas conversas analisadas, ocorridas no mês de dezembro de 2023, ficou demonstrado que ele possui forte influência na administração da referida municipalidade, ao ponto de dar ordem para pagamento relacionado ao contrato firmado entre o Fundo Municipal de Saúde e a sociedade empresária Pap Saúde Ambiental Eireli, gerida, de fato, por Alex Parente”, disse o juiz no processo.