O vice-presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Luiz Viana Queiroz, foi ao Twitter na quarta-feira (9) para responder a uma matéria publicada pela Coluna Radar, da revista Veja, na qual é acusado de atuar na defesa do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) dentro da Ordem. Segundo Queiroz, a matéria traz “ataques e falsidades” em relação à atuação dele na OAB. A resposta à publicação é também mais um capítulo da briga entre o advogado baiano e o presidente nacional do entidade, Felipe Santa Cruz
Segundo publicou a coluna, Luiz Viana Queiroz, que é virtual candidato à presidência nacional da OAB em 2022, “tem causado constrangimento entre conselheiros ao cobrar, em grupo de WhatsApp da entidade, que eles defendam Jair Bolsonaro de críticas que o próprio Conselho Federal da Ordem tem feito contra o negacionismo do presidente na pandemia”. A coluna lembrou declaração de Viana Queiroz feita em maio, quando defendeu que a OAB não deveria ter dono ou partido político.
A referência tácita feita pelo advogado baiano era a Santa Cruz, notório opositor do bolsonarismo. “Como dirigente da OAB, não sigo qualquer condicionamento político-partidário. Não uso a OAB para defender políticos nem sou liderado por eles. Como líder e gestor na Ordem, rejeito o sectarismo, a partidarização e o uso da entidade para finalidades ou projetos pessoais”, diz Luiz Viana Queiroz na nota divulgada em sua rede social. O vice-presidente da OAB não quer para si a pecha de bolsonarista.
Por isso tenta passar a ideia de que a entidade dever ser um ente apartidário no jogo democrático brasileiro – enquanto isso, o atual presidente da ordem fala em denunciar Bolsonaro em cortes internacionais por alegado negacionismo e responsabilidade pelas quase 500 mil mortes causadas pela Covid 19 no país. Críticos do atual presidente da OAB dizem que ele, por outro lado, está afinado escancaradamente a partidos políticos de esquerda que desejam ver Bolsonaro longe do Planalto antes ainda de janeiro de 2023.
Na publicação que realizou no Twitter, Luiz Viana Queiroz diz que sustenta “uma OAB plural, firmemente dedicada à pauta da advocacia e da defesa do Estado Democrático de Direito previsto na Constituição da República. Esse é o meu compromisso e a minha prática”.
Em nota, o movimento “OAB em Defesa da Advocacia”, que tem Viana Queiroz como um dos idealizadores e fundadores, diz que há “uma notória e pública divergência político-administrativa de integrantes da atual direção com o comando da gestão do CFOAB (Conselho Federal da OAB), o que levou a três diretores, conselheiros, presidentes e vice-presidentes de seccionais da OAB, presidentes de caixas de assistência e ex-presidentes nacionais da entidade a lançar um manifesto em abril passado”.
Um dos objetivos apontados pelo movimento fundado por Luiz Viana Queiroz “é o de evitar a polarização político-partidária que contaminou a OAB e a sociedade brasileira, inclusive parcela da imprensa. E, no caso de nossa instituição, privilegiou o acirrado debate político ao invés de cuidar dos assuntos inerentes ao exercício da profissão, afetado pela pandemia”. Os opositores do advogado baiano vêm na movimentação dele uma antecipação de campanha à presidência nacional da Ordem.
Eles querem utilizar isso para impugnar uma possível – e provável – candidatura de Viana Queiroz em janeiro de 2022.