Líderes do PT mineiro admitem a possibilidade de o governador Fernando Pimentel, pré-candidato à reeleição, ser substituído pela presidente cassada Dilma Rousseff na disputa ao governo do Estado. A proposta é tratada nos bastidores do partido, que já fez sondagens com membros de legendas aliadas, mas sofre resistência da ex-presidente. Por ora, Dilma rejeita a ideia de assumir a candidatura a governador. Ela é pré-candidata ao Senado. No dia 28, Dilma terá uma reunião com as bancadas estadual e federal do PT-MG.
Será a primeira grande reunião dela com o partido para falar sobre as eleições 2018. A expectativa de líderes do PT mineiro é de que o tema entre na pauta. “Nosso candidato ao governo é o Pimentel, com Dilma sendo nossa pré-candidata ao Senado, por enquanto. Vamos debatendo. O processo eleitoral é dinâmico”, disse o deputado petista Reginaldo Lopes (MG) ao Estado. Segundo o parlamentar, esse debate interno “ainda” não começou, mas a decisão final será de Pimentel. A ex-presidente mudou seu domicílio eleitoral do Rio Grande do Sul para Minas Gerais no limite do prazo legal a pedido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Dilma soube das articulações por meio da imprensa. Em suas redes sociais, ela rechaçou qualquer possibilidade de assumir o lugar de Pimentel, seu amigo pessoal desde a adolescência, na disputa estadual. Sem saber que a possibilidade é cogitada por seus próprios companheiros de partido, Dilma classificou a articulação de “fake news” e atribuiu os boatos aos adversários. “Não há hipótese de eu ser candidata ao governo de Minas. É a própria fake news dos interessados em evitar uma nova derrota nas urnas, como em 2014”, escreveu a presidente cassada. Em caráter reservado, integrantes da direção do PT mineiro disseram temer que o desgaste de Pimentel leve a sigla ao isolamento em Minas Gerais.
A avaliação é de que Dilma seria uma “tábua se salvação” para o partido, já que ela estaria bem colocada nas pesquisas feitas para consumo interno. Pimentel enfrenta desgaste tanto pelas acusações a que responde na Justiça quanto pelo desempenho do governo. Ele é réu em ação no Superior Tribunal de Justiça (STJ) por suposto caixa 2 na campanha de 2014. Nos últimos meses, virou alvo de setores importantes do funcionalismo, como os professores, por causa de atrasos no pagamento de salários.