14 de maio de 2016
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Convocada para defender a esgrima brasileira nos Jogos OlÃmpicos do Rio, Emese Takács não é mais cidadã brasileira. A atleta húngara, campeã mundial júnior em 1997, teve sua naturalização revogada pela Justiça Federal. Ela é acusada de fraudar o processo, inclusive com um casamento forjado. No entender da juÃza Anna Karina Stipp, da 5ª Vara Federal de Curitiba, há “forte indÃcio” de que Takács não tem residência fixa no PaÃs, requisito obrigatório para a concessão da naturalização. Um relatório da PolÃcia Federal indicou que, nos nove meses anteriores ao seu pedido de naturalização, a húngara permaneceu no Brasil por apenas 35 dias. O processo foi aberto por Giocondo Cabral, técnico da também esgrimista Amanda Simeão. Ela ficou em quarto lugar no ranking brasileiro da espada e perdeu a vaga no Rio 2016 para Tákacs, segunda nessa mesma lista. As três primeiras foram convocadas para competir na chave individual e também por equipes. Amanda, por enquanto, será reserva. O treinador juntou no processo diversas fotos de Emese em Budapeste, na Hungria, ao lado de um húngaro chamado Attila Szabó, a partir de 12 de junho de 2012. Em uma das fotos, publicada em uma rede social, eles comemoram “dois anos juntos”. Ela, entretanto, conseguiu a naturalização ao comprovar união civil com um brasileiro, Rafael Barreto, em maio de 2013. Um ano depois, a reportagem da Agência Estado tentou contato com ela no Torneio Nacional Cidade de São Paulo, sem sucesso. As rivais alegaram que não sabiam nada sobre Emese, apenas que ela era húngara, casada com um brasileiro, e estava competindo por hobby – sua última competição oficial pela Hungria fora em 2011.
Ela recebeu visto de permanência no Brasil em 15 de agosto de 2013. Até ingressar com pedido de naturalização, nove meses depois, ficou meros 35 dias no PaÃs. Desde sua primeira entrada no Brasil, em 5 de maio de 2011, ela somava 144 dias de permanência em território brasileiro. “Tal não preenche o requisito objetivo do domicÃlio, que é a fixação espacial permanente de Emese Takács no território nacional. Aliás, se há fixação espacial de Emese Takács em determinado lugar, presume-se que é em Budapeste, na Hungria, conforme dezenas de fotografias lançadas no Facebook”, escreveu a juÃza em sua sentença. “A mera existência de conta telefônica em seu nome, com endereço residencial na cidade do Rio de Janeiro (documento este que sequer foi anexado aos autos) não gera presunção relativa de veracidade da existência de seu domicÃlio no Brasil, sendo apenas mero indÃcio de prova”, argumenta Stipp na decisão. Além disso, o técnico brasileiro levanta questionamento a respeito do fato de Emese não ser fluente em português (falado e escrito), requisito obrigatório para a concessão da naturalização. Entendendo que há perigo de “dano irreparável”, uma vez que Emese pode defender o Brasil na OlimpÃada, a juÃza deferiu liminar, suspendendo a concessão de nacionalidade brasileira por naturalização a Emese Takacs. A húngara tem 20 dias para recorrer. Sem a naturalização, ela não poderá ser inscrita nos Jogos. A data limite para isso é 1º de julho.