O delegado Valdemar Latance Neto coordenou a operação Moikano, iniciada em abril de 2014, que investigava uma rede internacional de pedofilia. Na época, a análise de 176 contas de e-email usadas por suspeitos culminaram em 50 mandados de busca domiciliar e 31 de prisão preventiva, que acabaram em 13 prisões em flagrante. Latance divulgou ao jornal ‘Extra’ trechos das mensagens trocadas pelos abusadores de crianças. Em um dos e-mails analisados pela polÃcia, um homem revela que tinha conseguido “passar a mão” no corpo de uma menina “loirinha, linda, de nove anos”. A partir daÃ, o suspeito e a vÃtima em potencial foram identificados. “Era uma criança em situação muito vulnerável”, afirma Latance. “A garota não foi abusada, mas não tenho dúvida que esse era o sonho da vida dele. Felizmente, conseguimos atuar antes que acontecesse. Isso foi possÃvel porque a mensagem era recente e houve uma reação rápida: o estupro de uma criança pode ocorrer caso a atuação do estado demore”, completou o delegado.
Outro caso investigado foi uma troca de e-mails entre um palhaço chamado Ricocó, que trabalhava em Salvador animando festas infantis, e um homem identificado por “Léo Santo André”. Este suspeito mandou um e-mail com imagens de um garoto de aparentemente oito anos sendo abusado e deu dicas de como cometer o crime: “Fique amigo dos pais”. Ainda de acordo com a reportagem, o delegado diz que é preciso considerar o peso dessa acusação durante a busca e apreensão. “Um inocente pode ter a honra manchada, em seu cÃrculo social, com uma injusta e permanente atribuição do rótulo de pedófilo”, afirma. “Estamos revelando o maior segredo da vida dele. Sua reação representa um risco, inclusive de suicÃdio. Em 99% dos casos a famÃlia não sabe de nada, até porque não há um perfil especÃfico. Pode ser qualquer tipo de pessoa”, completa.