O presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Humberto Martins derrubou uma liminar da 7ª Vara da Fazenda Pública do Distrito Federal e autorizou a construção do Museu Nacional da Bíblia, em Brasília. A decisão suspende a paralisação da obra, que ocorreu em 30 de março.
De acordo com Martins, “o fato de o nosso país ser laico não obsta [impede] que museus possam ser construídos para tratar de fenômenos culturais religiosos“, afirmou.
A decisão da Justiça do DF foi tomada após uma ação civil apresentada pela Associação Brasileira de Ateus e Agnósticos (ATEA). De acordo com o grupo, a construção do museu vai contra a laicidade do Estado.
O presidente do STJ, por sua vez, discorda do posicionamento. Para ele, a suspensão da obra interferiu na política cultura do distrito. “Deve-se estimular a existência de museus que tratem das mais diversas manifestações religiosas brasileiras“, pontuou.
Além disso, o magistrado defendeu que o museu não demonstrará preferência por alguma religião, já que a Bíblia é a base de diversas religiões. Outro ponto abordado por ele é que a construção poderá trazer bons resultados no turismo de Brasília, apoiando ainda o setor cultural.
No dia em que o Brasil registrou um novo recorde no número diário de mortos, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por 9 a 2, que prefeitos e governadores podem proibir a realização presencial de missas e cultos em um esforço para evitar a propagação da covid-19 no País. O julgamento, concluído nesta quinta-feira (8), foi marcado por duros recados dos magistrados ao governo do presidente Jair Bolsonaro e por defesas enfáticas da ciência e de medidas de isolamento social no combate à pandemia.
A discussão girou em torno de uma ação do PSD contra um decreto editado pelo governador João Doria (PSDB), que proibiu a realização de missas e cultos nas fases mais restritivas do plano estadual de combate à covid-19. O entendimento firmado pelo STF deve ser aplicado agora em todo o País.
Na sessão da última quarta, o relator do caso, ministro Gilmar Mendes votou a favor das restrições adotadas pelo governo paulista, afirmando que o Brasil se tornou um ‘pária internacional’ no enfrentamento da pandemia. A discussão foi retomada com o voto de Kassio Nunes Marques, que defendeu a abertura de igrejas e templos. Apenas Dias Toffoli acompanhou o colega.
Conforme antecipou o Estadão, a esmagadora maioria do STF manteve o entendimento de Gilmar, de que não há violação à Constituição na proibição de realização de missas e cultos presenciais, já que a medida drástica, tomada por governadores e prefeitos, pretende preservar vidas diante do agravamento da pandemia.
“Sobram dores e faltam soluções administrativas. O Brasil tornou-se um País que preocupa o mundo inteiro, pela transmissibilidade letal deste vírus. Essa doença é horrível. O que se tem, no quadro que estamos experimentando, é uma situação gravíssima, alarmante, aterrorizante”, disse Cármen Lúcia, que foi infectada pela covid-19 no final do ano passado.
Para Edson Fachin, o decreto do governo de São Paulo, que “limita-se a reconhecer a gravidade da situação”, não desrespeita a Constituição. “Inconstitucional é a omissão que não haja de imediato para impedir as mortes evitáveis. Inconstitucional é não promover meios para que as pessoas fiquem em casa, com o respeito ao mínimo existencial, inconstitucional, inconstitucional é recusar as vacinas que teriam evitado o colapso de hoje”, afirmou, em referência à postura do governo brasileiro, que recusou a proposta de laboratórios.
Luís Roberto Barroso, por sua vez, disse que há um “componente cristão de proteção, respeito e amor ao próximo” na restrição das atividades religiosas presenciais, já que os fiéis circulam pelas ruas e, portanto podem ser vetores de transmissão do vírus.
“Ciência e medicina são, nesse caso particular, a salvação. O espírito, ao menos nessa dimensão da vida, não existe onde não haja corpo. Salvar vidas é nossa prioridade. É difícil de acreditar que, passado um ano da pandemia, até hoje não haja um comitê médico-científico de alto nível orientando as ações governamentais. Parece um misto de improviso, de retórica e de dificuldade de lidar com a realidade, mesmo diante de 340 mil corpos”, observou Barroso.
Ao acompanhar o entendimento dos colegas, Alexandre de Moraes rechaçou que o decreto do governo de São Paulo viole a Constituição e atinja a liberdade religiosa. “Por entender que proteger a vida dos fiéis talvez seja a maior missão das religiões, não há nada de discriminatório, não há nada de preconceituoso, não há nada de inconstitucional, nos decretos que, embasados em dados científicos, médicos, restringem, assim como outras atividades, temporariamente os cultos religiosos”, afirmou.
“Onde está a empatia e a solidariedade de todos nesse momento? A liberdade religiosa tem dupla função: proteger todas as fés e afastar o Estado laico de ter de levar em conta dogmas religiosos para tomar decisões fundamentais para a sobrevivência de seus cidadãos. O Estado não se mete na fé. A fé não se mete no Estado”.
O ministro destacou que mesmo na Idade Média, sem conhecimentos científicos atuais, nos momentos em que as sociedades foram atingidas por pestes, os grandes líderes religiosos à época “defenderam o fechamento das igrejas, a necessidade de isolamento e a transformação de igrejas e templos em hospitais”.
“Em pleno século XXI, com todo o conhecimento histórico, técnico e científico que temos, estamos defendendo retrocesso de medidas restritivas temporárias e justificadas? Não me parece lógico, não me parece coerente, não me parece ser feito isso em defesa dos direitos fundamentais”, acrescentou.
Moraes também elogiou a atitude “corajosa” do prefeito de Araraquara, Edinho Silva (PT), que viu o número de óbitos e infecções despencar no município após decretar um lockdown. “O mundo ficou chocado quando morreram 3 mil pessoas nas Torres Gêmeas. Nós estamos com 4 mil mortos por dia. Me parece que algumas pessoas não conseguem entender o momento gravíssimo dessa pandemia. Ausência de leitos, de insumos, ausência de oxigênio. As pessoas morrendo sufocadas, uma das mais dolorosas mortes”, comentou.
Na avaliação de Moraes, o Brasil não se preparou para a segunda onda. “Os EUA têm 500 milhões de doses de vacina, nós não conseguimos vacinar ainda 10% da vacinação. Estamos, dia 8 de abril, nós não vacinamos 10% da população. Quatro mil mortos por dia, onde está a empatia?”, questionou.
A quantidade de pessoas vacinadas contra a Covid-19 com ao menos a primeira dose no Brasil chegou a 21.445.683 na última quarta-feira, 7, segundo dados reunidos pelo consórcio de veículos de imprensa. O número representa 10,13% do total da população brasileira.
‘Alento espiritual’
Em um discurso afinado ao do Palácio do Planalto, Nunes Marques destacou que o confinamento é importante, “mas também pode matar” se não houver um “alento espiritual”. Indicado ao cargo por Bolsonaro, afirmou que a abertura de igrejas e templos “pode ajudar o crente a se sentir mentalmente aliviado”.
“A Constituição protege a todos. Se o cidadão brasileiro quiser ir a seu templo, igreja, ou estabelecimento religioso para orar, rezar pedir, inclusive pela saúde do próximo, ele tem direito a isso. Dentro de limites sanitários rigorosos. É a Constituição que lhe franqueia esta possibilidade. Para quem não crê em Deus, isso talvez não tenha lá muita importância. Mas para a grande maioria dos brasileiros, tal direito é relevante”, disse Nunes Marques.
“Na democracia, a ninguém é dado desobrigar o cumprimento da Constituição ainda que temporariamente, para que se execute política pública que, supostamente, apenas pode ser concretizada se estiver livre das amarras impostas por direitos constitucionais. Para que a sociedade minimamente funcione é necessário que alguns setores não paralisem suas atividades A decisão sobre o que é essencial é político-jurídica, embora inspirada em critérios científicos. Quanto às liberdades constitucionais, expressamente estabelecidas, é preciso que se respeite seu núcleo essencial”, acrescentou.
Sem citar estudos ou pesquisas científicas que confirmem a origem das transmissões, o ministro afirmou que “sabemos onde essa doença está sendo transmitida: festas, baladas e bares estão lotados, sem distanciamento nem máscara”. “Não são nos cultos e nas missas que a pandemia está ganhando força”, frisou Nunes Marques, sem explicitar os fundamentos dessa convicção.
Nunes Marques também comparou o funcionamento das igrejas às atividades da imprensa. “Poderia o prefeito decretar o fechamento dos jornais da cidade, e das gráficas que produzem periódicos? Ou mesmo o fechamento de telejornais que necessitam de certa aglomeração para o seu adequado funcionamento? É assegurado a todos o acesso à informação”, questionou.
“Nestas hipóteses, a Constituição proíbe tal conduta, porque é livre a manifestação do pensamento. É livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e da comunicação. É assegurado a todos o acesso à informação. Ou seja, para todas estas questões, a resposta é não. Por que em relação a liberdade religiosa ela seria diferente?”.
No início da sessão, o procurador-geral da República, Augusto Aras informou que desistiu do pedido de tirar o caso das mãos de Gilmar Mendes. “Entendo que não há mais necessidade (na questão de ordem), tendo em vista o início do julgamento”, afirmou Aras.
Em decisão alinhada com os interesses do Planalto, o indicado do presidente Jair Bolsonaro liberou no sábado, 3, véspera do domingo de Páscoa, a realização de atividades religiosas coletivas de forma presencial. Em sentido contrário, dois dias depois, o ministro Gilmar Mendes negou pedidos do PSD e do Conselho Nacional de Pastores do Brasil para derrubar o decreto do Estado de São Paulo que proibiu as reuniões religiosas durante as fases mais restritivas do plano de combate ao Covid-19. Com a divergência, o caso foi enviado ao plenário.
Na sessão desta quarta, Gilmar votou a favor do fechamento temporário de igrejas e templos diante do agravamento da pandemia. Na ocasião, também criticou as posições do advogado-geral da União, André Mendonça, e Aras. Os dois cotados para a vaga que será aberta no Supremo em julho defenderam a realização de missas e cultos, mesmo no momento em que o País atravessa o pior momento da luta contra a Covid-19, registrando mais de 337 mil óbitos.
‘Pária’ e ‘viagem a marte’
Em seu voto, Gilmar classificou como “surreal” os argumentos de que o fechamento temporário de eventos coletivos em templos religiosos “teria algum motivo anticristão”. “É também a gravidade dos fatos que nos permite ver o quão necessário é desconfiarmos de uma espécie de bom mocismo constitucional, muito presente em intervenções judiciais aparentemente intencionadas em fazer o bem”, alfinetou o ministro, sem citar explicitamente a decisão de Nunes Marques.
O ministro criticou uma “uma agenda política negacionista que se revela em toda a dimensão contrária à fraternidade tão ínsita ao exercício da religiosidade”. “O pior erro na formulação das políticas públicas é a omissão, sobretudo para as ações essenciais exigidas pelo artigo 23 da Constituição Federal. É grave que, sob o manto da competência exclusiva ou privativa, premiem-se as inações do governo federal, impedindo que Estados e Municípios, no âmbito de suas respectivas competências, implementem as políticas públicas essenciais”, destacou Gilmar.
O ministro ainda rebateu a manifestação de André Mendonça, que, no início da sessão, disse que o País presencia cenas de “ônibus superlotados” e viagens de avião “como uma lata de sardinha”. Gilmar apontou que Mendonça ocupou até a semana passada o cargo de Ministro da Justiça e que tinha entre suas atribuições justamente a responsabilidade de formular diretrizes sobre transportes no País.
“Quando Vossa Excelência fala dos problemas dos transportes no Brasil, especialmente no transporte coletivo, eu poderia ter entendido que Vossa Excelência teria vindo agora para a tribuna do Supremo de uma viagem a Marte, mas verifiquei que Vossa Excelência era Ministro da Justiça e tinha responsabilidades institucionais, inclusive de propor medidas. À União cabe legislar sobre diretrizes nacionais de transportes”, criticou Gilmar.
Repúdio
No intervalo da sessão desta quarta, 7, o presidente do STF, Luiz Fux, rebateu um advogado, que citou trecho da Bíblia para criticar ministros que defendem o fechamento de igrejas na pandemia. O advogado do PTB no caso, Luiz Gustavo Pereira da Cunha, recorreu a um trecho da Bíblia (“Pai, perdoa-lhes, porque eles não sabem o que fazem”) para atacar os magistrados que se posicionassem a favor do fechamento de igrejas e templos.
“Esta é uma matéria que nos impõe uma escolha trágica e que nós temos responsabilidade suficiente para enfrentá-la, nossa missão de juízes constitucionais além de guardar a Constituição, é de lutar pela vida e pela esperança, e foi com essa prontidão que a Corte se revelou, na medida em que estamos vigilantes na defesa da humanidade. De sorte que eu repugno esta invocação graciosa da lição de Jesus”, rebateu Fux.
A Lei n° 14.311, que inclui templos religiosos e igrejas na lista de atividades essenciais, foi promulgada pelo presidente da AL-BA, Adolfo Menezes (PSD), mesmo sem a sanção do governador Rui Costa (PT).
A proposta tem causado polêmica em razão da fase vivida pelo estado e todo país na pandemia de Covid-19. Mesmo após conseguir estabilizar a taxa de crescimento de casos, a Bahia registrou nas últimas 24h outros 3581 casos e 122 óbitos decorrentes da doença.
Com a lei, publicada na manhã desta quarta-feira (7) no Diário Oficial, as igrejas e templos vão poder funcionar assim como outros estabelecimentos considerados essenciais, desde que “observados atos e protocolos sanitários estabelecidos pelo Poder Executivo”.
De acordo com o texto promulgado, a “atividade religiosa” passa a ser considerada como “essencial para a população do Estado da Bahia em tempos de crises ocasionadas por moléstias contagiosas, epidemias, pandemias ou catástrofes naturais”.
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux, marcou para quarta-feira (7) a decisão definitiva do plenário da Corte sobre a liberação de cultos e outras práticas religiosas presencialmente durante a pandemia da Covid-19.
A reunião acontece após o ministro Nunes Marques ter determinado, no sábado (3), em caráter liminar (provisório), que estados, municípios e Distrito Federal não podem editar normas de combate à pandemia do novo coronavírus que proíbam completamente celebrações religiosas presenciais, como cultos e missas.
De acordo com o portal G1, o tema será o primeiro item da pauta do plenário e envolverá processo relatado pelo ministro Gilmar Mendes, que negou hoje (5) um pedido do PSD para liberar cultos em São Paulo.
A Ordem dos Ministros do Evangelho de Brumado (OMEB), vai intensificar os trabalhos sociais desenvolvidos pelas igrejas evangélicas no município. Com a pandemia do novo coronavírus em alta e a falta de auxílio por partes dos governantes, as igrejas passaram a ser além de um refúgio de fé e esperança, um local de ajuda ao próximo.
A reunião tratou também de outros assuntos internos e contou com todos os membros da diretoria da Ordem.
Segundo o presidente João Mário, “as igrejas evangélicas estão fortalecendo os departamentos de assistência sociais para poder ajudar a mais pessoas nesse momento tão triste que a humanidade está passando”.
O Papa Francisco emitiu um decreto, nesta quarta-feira (24), introduzindo cortes nos salários de cardeais e clérigos do Vaticano para evitar demissões devido ao agravamento da crise econômica como resultado da pandemia de coronavírus.
A decisão foi anunciada pela assessoria da Santa Fé. A redução —que é proporcional e vai diminuir em 10% o salário de cardeais, por exemplo— passa a valer em 1º de abril, mas não afeta a maioria dos funcionários leigos (aqueles que não receberam ordens sacras), segundo o porta-voz.
Francisco, 84, sempre insistiu que não quer despedir pessoas em tempos econômicos difíceis, mesmo quando o Vaticano continua a apresentar déficits.
Estima-se que os cardeais que trabalham no Vaticano ou em Roma recebam salários entre 4.000 e 5.000 euros (R$ 26 mil e R$ 33 mil) por mês, e muitos moram em apartamentos com aluguéis bem abaixo do mercado.
A maioria dos padres e freiras que trabalham nos departamentos do Vaticano vivem em comunidades religiosas em Roma, como seminários, conventos, paróquias, universidades e escolas, o que lhes dá maior proteção contra crises econômicas.
Eles têm um custo de vida muito menor do que os funcionários leigos como policiais, porteiros, bombeiros, limpadores e restauradores de arte, que na maioria das vezes moram em Roma e têm famílias.
E é esse grupo que o pontífice parece querer proteger, já que a maioria desses empregos não foram listados no decreto papal. Além dos cardeais, outros clérigos verão seus salários reduzidos entre 3% e 8%.
Os aumentos salariais programados para todos, exceto os três níveis salariais mais baixos, serão suspensos até março de 2023.
A principal autoridade econômica do Vaticano disse no início deste mês que a Santa Sé, o órgão administrativo central da Igreja Católica, pode ter que usar 40 milhões de euros (R$ 265 milhões) em reservas pelo segundo ano consecutivo devido à pandemia.
O órgão espera um déficit de cerca de 50 milhões de euros (R$ 332 milhões) neste ano. As receitas são esperadas em cerca de 213 milhões de euros (R$ 1,4 bilhão) em 2021, uma queda de 30% em relação a 2020.
Os museus do Vaticano —que englobam a famosa Capela Sistina e receberam cerca de 6 milhões de visitantes pagantes em 2019— e a Basílica de São Pedro foram fechados ou apenas parcialmente abertos por causa da pandemia. Foi o maior período em que eles estiveram fechados desde a Segunda Guerra Mundial.
Os museus deveriam reabrir neste mês, mas terão de permanecer sem visitas por causa de um novo bloqueio imposto pelo governo da Itália.
Em 2020, um popular aplicativo para ler a Bíblia online, o YouVersion Bible, registrou quase 600 milhões de buscas em todo o mundo, 80% a mais em relação ao ano anterior. Um dos termos mais pesquisados, “medo”, levava a um famoso versículo do livro de Isaías: “Nada temas, porque Eu sou contigo”.
Nada ou pouco temem serem infectados pela Covid-19 quase metade (46%) dos evangélicos no Brasil de 2021. Entre os católicos, o mesmo índice é de 32%. Em geral, evangélicos formam uma parcela religiosa da população mais descrente nas vacinas e nas medidas de isolamento do que os cristãos fiéis ao Vaticano.
Os dados vêm da mais recente pesquisa Datafolha, realizada por telefone nos dias 15 e 16 de março de 2021, com 2.023 pessoas em todo o país. A margem de erro é de dois pontos percentuais para baixo ou para cima.
Consideraremos aqui apenas esses dois nichos de fé por representarem 8 em cada 10 brasileiros –54% dos entrevistados se declararam católicos, e 24%, evangélicos. As margens de erro de cada grupo são de três e cinco pontos para baixo ou para cima, respectivamente. Para fins estatísticos, as amostras de outras religiões são pequenas e, se vistas isoladamente, têm margens de erro muito altas.
O Brasil vinha numa escalada de mortes quando a pesquisa foi feita, com 2.841 vítimas de Covid-19 no segundo dia da coleta de dados. O Datafolha perguntou sobre a aderência dos brasileiros ao protocolo sanitário recomendado para controlar a doença, e nesse quesito cristãos dos dois lados não divergem muito.
Só 5% dos evangélicos e 3% dos católicos responderam estar vivendo normalmente, sem alterar a rotina. A taxa dos que dizem usar máscara sempre, em ambos os segmentos, é de 9 em cada 10 entrevistados. A média de quem já foi contaminado está dentro da margem de erro: 8% dos quem segue o Vaticano e 6% da outra porção cristã.
Os números se espaçam quando o assunto é vacinação, quarentena e quais serviços devem ser fechados.
A ampla maioria das duas fatias religiosas quer ser imunizada. Entre os que se negam, enquanto só 6% dos católicos ainda não vacinados dizem que não pretendem sê-lo, mais do que o dobro (14%) dos evangélicos rejeitam a dose.
Os pesquisadores quiseram saber o que é mais importante neste momento, ficar em casa ou acabar com o isolamento para estimular a atividade econômica. Entre católicos, 63% preferem deixar as pessoas quarentenadas ainda que isso possa prejudicar a economia e causar desemprego. Concordam com a ideia 51% dos evangélicos.
O que deve fechar na pandemia? A interdição da praia é um empate, com 8 em cada 10 entrevistados nos dois grupos apoiando a medida. Os jogos de futebol, quase: preferem que parem 78% dos católicos e 71% dos evangélicos.
O maior impasse é sobre as igrejas: 65% contra 39%, nessa ordem. Vale lembrar que muitos dos que se declaram católicos no Brasil não são praticantes, ao contrário dos evangélicos, que costumam viver intensamente a vida religiosa. Logo, faz sentido que tenham mais apreço por templos abertos.Que
governante deveria ser o principal responsável pelo combate à pandemia, presidente, governadores ou prefeitos? Jair Bolsonaro é o mais citado em todos os nichos, mas em menor grau para evangélicos: 35% acham isso, contra 44% dos seus pares cristãos.
A condução do presidente na maior crise de saúde do Brasil em um século é pouco otimista para a maioria dos entrevistados. Evangélicos, contudo, aqui novamente lhe dão mais moral: 27% aprovam a performance, versus 20% dos católicos.
O culto à fé explica em partes as eventuais cisões no universo cristão, diz o diretor de Pesquisas do Datafolha, Alessandro Janoni. “Algumas correntes religiosas sobrepõem-se à ciência e ao medo, e a classificação polêmica de templos como serviços essenciais é um exemplo dos reflexos desse fator sobre a segurança sanitária.”
Há, contudo, uma variável mais concreta nesta equação: o apoio maciço dos evangélicos garante a Bolsonaro capilaridade em segmentos estratégicos, como mulheres (que são 60% dos evangélicos) e os de menor renda (62% deles têm renda até dois salários), Praticamente metade dessa parcela religiosa recebeu o auxílio emergencial em 2020 e voltará a pedi-lo neste ano.
“Com esse canal aberto, fica fácil a aderência do discurso conservador e negacionista do presidente à matriz de valores da igreja”, afirma Janoni.
Para Pedro Luis Barreto Litwinczuk, o Pedrão, teólogo e pastor batista, há de se considerar que na teologia há palavras-chave: meritocracia e graça. A Igreja Católica se inclina à primeira. Crê que é por meio dos nossos feitos que alcançaremos a salvação. “Preciso confessar meus pecados e pagar penitências por eles para que tudo vá bem, e isso gera insegurança quanto à salvação.”
Já o povo evangélico aprende que não há nada que ele possa fazer para conquistar a salvação —ela nos é dada de forma graciosa por Jesus. “A partir do momento em que creio, reconheço meus pecados, me arrependo e, mesmo sendo uma pessoa falha, escolho não largar a mão de Jesus. Isso dá uma certeza da salvação que ninguém consegue tirar do coração de um verdadeiro evangélico”, diz Pedrão.
Mas o fiel deve estar ciente de que “a graça não nos remete ao descaso”, afirma o pastor. “Deus não fará por você aquilo que você pode fazer… Higiene, máscara, álcool em gel, distanciamento social.”
O comportamento do pastorado também vira referência. Tomemos de exemplo Edir Macedo, bispo-fundador da Igreja Universal do Reino de Deus.
Em março de 2020, ele apareceu num vídeo em que pedia para a doença não ser superestimada. “Satanás trabalha com o medo, o pavor. Trabalha com a dúvida. E, quando as pessoas ficam apavoradas, com medo, em dúvida, as pessoas ficam fracas, débeis e suscetíveis. Qualquer ventinho que tiver é uma pneumonia para elas”, disse três meses antes de ser internado com Covid-19.
Na quinta (18), Macedo, 76, compartilhou em suas redes sociais imagens dele e da esposa sendo vacinados em Miami. Um seguidor comentou: “Amém, bispo! Muito bom ver o sr. e a dona Ester sendo exemplo para os demais”.
A Igreja Missões do Evangelho Pleno (IMEP), levou no final da manhã do último domingo (7), uma palavra de conforto e animo para os servidores e pacientes no Pronto Atendimento Covid em Brumado.
A pastora Sandra Ribeiro que liderou o trabalho disse que “Estamos vivendo um tempo muito difícil, não só na nossa cidade, mas no nosso Estado e na nossa Nação. A gente precisa como Igreja fazer alguma coisa. Não podemos ficar parados e a única arma que temos nesse momento é a oração”. No local, além da oração foram cantados louvores. Veja Vídeo
O deputado federal Pastor Sargento Isidório (Avante) apresentou o Projeto de Lei 654/21 que propõe tornar funções religiosas em atividades essenciais com a finalidade de ajudar no combate à pandema da Covid-19.
“Igrejas, templos, terreiros, devidamente autorizados e liberados pela autoridade competente governamental (vigilância sanitária), são peças chave para vencermos a pandemia e restaurar a saúde mental coletiva da população. Levando assim, para milhares de famílias acalanto, paz, desempenhando um papel terapêutico fundamental nesse momento de dor coletiva”, justificou o parlamentar.
Isidória ainda acrescenta que a medida serviria para combater a intolerância religiosa. “Fazer a Casa de Deus atividade essencial durante pandemias, calamidades ou tragédia além de preencher o vazio emocional típico das grandes crises, ajuda a corrigir erros históricos, quase de intolerâncias religiosas contra templos religiosos de qualquer matriz, até por questão de justiça e reparação a um povo que tanto bem faz a nossa nação em especial na orientação e cuidados, inclusive social com as famílias brasileiras”, afirmou o deputado.
O vereador de Salvador e cantor Irmão Lázaro (PL), 54 anos, foi hospitalizado com a Covid-19 em Feira de Santana e está sendo transferido para Salvador nesta quinta-feira (25). O estado de saúde é grave, o edil está intubado.
“Irmão Lázaro foi transferido para UTI na manhã desta quinta-feira (25) devido ao seu quadro clínico após contaminação por Covid precisando ser entubado no final da manhã, devido a complicações. Diante do exposto, sua família e amigos reforça o pedido de orações. Cremos que, com a permissão de Deus, sua saúde será restaurada e agradecemos todo o apoio, orações e carinho recebidos até aqui”, divulgou a assessoria do vereador.
Irmão Lázaro já foi deputado federal, em 2018 concorreu ao Senado e nas eleições de 2020 foi eleito para uma vaga na Câmara Municipal de Salvador.
O novo decreto editado pela Prefeitura de Guanambi suspendeu o funcionamento de academias de atividades físicas e de cultos presenciais. Os estabelecimentos deverão ficar fechados ao público a partir desta quinta-feira (18). A medida visa diminuir a circulação do coronavírus em Guanambi e foi publicada em edição extra do Diário Oficial do Município nesta quarta-feira (17).
As igrejas e demais templos religiosos já estava com funcionamento limitado a 50 fieis simultaneamente deste a semana passada e agora estão totalmente suspensos. Já as academias continuavam abertas, mesmo com o fechamento dos equipamentos de exercícios físicos nas praças e parques públicos.
O fechamento dos templos religiosos e das academias está estipulado até o dia 8 de março, podendo ser revogado antes ou prorrogado ao final do prazo dependendo do cenário epidemiológico do município.
As academias ficaram fechadas de entre meados de março e início de maio, depois reabriram e voltara a fechar duas vezes por mais algumas semanas. Desde o início de agosto elas funcionam de acordo com um portaria municipal que regulamentou as medidas de segurança. Esta é a quarta vez que os estabelecimentos ficarão fechados desde o início da pandemia.
As igrejas também ficaram completamente fechadas por algumas semanas e com o funcionamento limitado. O novo decreto publicado pela Prefeitura de Guanambi ainda restringiu o horário de funcionamento de todos os estabelecimentos considerados não essenciais até às 18h, de segunda a sexta-feira.
Mais 26 casos da doença foram registrados no município nesta quarta-feira. Agora são 3.431 casos positivos, com 3.296 pacientes recuperados e 21 óbitos. No momento, 114 pacientes ainda estão com o vírus, sendo que 16 estão internados. Outras 113 pacientes com suspeita da doença aguardam o resultado dos exames.
A prefeitura de Brumado considerou que a prática de qualquer culto religioso, pressupõe-se demonstração e fortalecimento da fé, conforme as respectivas crenças, constitui-se também, no reequilíbrio psíquico e emocional dos praticantes nestes tempos de isolamento social.
O decreto foi publicado na última sexta-feira (5) no Diário Oficial do Município. Apesar da liberação, a prefeitura determinou que os fiéis usem máscara, mantendo o distanciamento mínimo de 2 metros, além dos templos religiosos disponibilizarem álcool em gel para a higienização do público em geral.
No decreto, os fiéis do grupo de risco continuam sem poder frequentar os cultos.