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25 de maio de 2022
Justiça

Filha de ministro do STJ diz que pai defendeu invasão ao STF

Em mensagens trocadas com um empresário, a filha do ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ) João Otávio Noronha, a advogada Anna Carolina Noronha, afirmou que o pai teria defendido a invasão ao Supremo Tribunal Federal (STF) durante o governo de Dilma Rousseff (PT), para pressionar a Corte.

Conforme apurou a coluna de Guilherme Amado, no portal Metrópoles, os diálogos no WhatsApp foram encontrados no celular do empresário Marconny Faria, apreendido pelo Ministério Público Federal em investigação por suspeita de fraudes em licitações no Pará.

“O meu Pai falou w [que] os manifestantes deviam sim ter invadido. O palácio. O srf [STF]. Pq não há mais instituição. O stf tá corrompido”, escreveu Nina Noronha, em 16 de março de 2016, na ocasião dos protestos ocorridos em frente ao Palácio do Planalto e na Esplanada dos Ministérios. As manifestações ocorreram em meio à indicação de Lula para a Casa Civil, vista pela oposição como forma de blindar o ex-presidente, que era alvo da Lava Jato.

O empresário, então, responde à filha do ministro do STJ: “Não podemos fazer isso. Senão perdemos a ordem”. Ela retruca e volta a defender a invasão: “Podemos sim. O stf foi corrompido. Por completo. Tão querendo ferrar o Moro”.

Segundo a coluna, em seguida Marcony menciona um movimento para levar o então juiz Sergio Moro e o próprio Noronha ao STF. “Vamos fazer várias ações. Não vai conseguir ferrar o Moro. Vai ser o próximo min (ministro) do STF depois do seu pai”, disse ele, sem informar quem planejava tais ações.

A advogada volta a falar do pai: “Meu pai disse que acorre [a corte] tá toda corrompida. Eles precisam ser pressionados. Tão querendo anular as interceptações. Marco Aurélio [então ministro do Supremo] saiu no jornal defendendo o Lula. Agora [há] pouco. Eles têm maioria”.

O empresário diz que o ministro não tinha se manifestado a favor do petista, mas foi contestado por Nina. “Defendeu sim. [Estou] assistindo [do] lado do meu Pai. Falou q o presidente está assumindo para ajudar o País. E não para escapar do Moro. Jornal da Globo. Faz dez minutos. A corte está comprada. [Rodrigo] Janot e todos mais. Meu pai vai abrir Adesão [a sessão] amanhã com uma Nota repudiando o Lula. Por ter chamado o STJ de covarde”, escreveu.

De acordo com a coluna, conforme a filha antecipou ao empresário, no dia seguinte, 17 de março, João Otávio Noronha se pronunciou no plenário do STJ rebatendo as críticas de Lula, e dizendo que o STJ não era covarde, como afirmou o petista, e que julgava com imparcialidade os casos da Lava Jato.

Procurado pela publicação, Noronha negou ter defendido a invasão do STF ou do Planalto. “Nunca preguei ou defendi a invasão do STF. E jamais o faria por atentar contra a democracia e por ser um ato de desrespeito à Corte Suprema do Brasil. Tenho pelo Supremo e pelos ministros que o integram o mais profundo sentimento de respeito e admiração. Minha manifestação na sessão da turma foi em defesa da Corte Superior a que pertenço, que estava sendo injustamente atacada”, disse, em nota.

A filha do ministro, por sua vez, disse não lembrar do diálogo e alegou que suas conversas privadas nao refletem a opinião do pai. “Apenas posso afirmar que eu e meu pai somos pessoas diferentes e podemos ter pensamentos diversos em determinados momentos. Não me recordo de qualquer fala de meu pai nesse sentido, bem como afirmo que minhas conversas privadas não refletem a opinião de meu pai”, informou a advogada.