A possível ida do MDB para a base do governador Rui Costa (PT) já gera reações dentro da base do ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), que deverá disputar o governo da Bahia nas eleições de 2022.
Em São Sebastião do Passé, na Região Metropolitana (RMS), o 2º colocado nas eleições de 2020, Ângelo Santana, do Republicanos, nome ligado ao ministro João Roma, acaba de anunciar a sua filiação ao DEM.
Santana obteve 10.675 mil votos, mas foi derrotado pela atual prefeita Nilza da Mata, do Progressistas. O DEM apoiou o PP no pleito municipal e indicou o atual vice-prefeito da cidade, Luciano Lago, que é aliado do ex-prefeito Janser Mesquita, do MDB, nome ligado ao ex-deputado Lúcio Vieira Lima.
A ida de Ângelo Santana para o DEM pegou de surpresa toda a classe política da cidade, já que o nome do vice-prefeito estava sendo cogitado como candidato a deputado estadual pelo partido, com o apoio, inclusive, da atual gestora pepista e seu grupo político.
Em vídeo publicado nas redes sociais de um encontro entre Santana e ACM Neto, o ex-gestor soteropolitano afirma que o novo correligionário, que disputará uma das vagas da Assembleia Legislativa em 2022 para fortalecer seu nome junto aos eleitores, de olho na corrida local de 2024, “terá um bela votação” e 2022 será “um passo importante para o início de um novo ciclo”.
O vice-prefeito ainda não se manifestou sobre a chegada do concorrente, tido como principal voz da oposição à atual gestão e ao seu grupo político.
O deputado federal José Guimarães (PT-CE) confirmou, em entrevista ao programa Fórum Onze e Meia, da revista Fórum, nesta terça-feira (31), que o ex-presidente Lula quer que o PT baiano abra mão de candidatura a governador para priorizar a eleição para o Senado.
“Lula até acha que, na Bahia, temos que abrir lá. Só para vocês terem ideia, Lula considera que a prioridade é a eleição presidencial, eleger deputados federais e senadores. Está priorizando isso”, disse o parlamentar cearense.
“Isso é muito importante, porque senão a gente não consegue evitar os prováveis futuros golpes”, acrescentou.
A alta cúpula do PT está irritada com as recorrentes declarações do vice-governador Joã Leão (PP) sobre a sua possível candidatura ao Governo da Bahia e a pressão para que o governador Rui Costa deixe o Executivo para disputar uma vaga ao Senado nas próximas eleições.
De acordo com a coluna Satélite, do jornal Correio, os petistas baianos defendem que chegou a hora de emparedar o pepista e deixar clara a possibilidade de cortarem os cargos robustos sob seu controle.
O ministro João Roma (PRB) admitiu, em entrevista à rádio Sociedade na manhã desta terça-feira (17), a possibilidade de Roberta Roma, sua esposa, disputar uma vaga na Câmara dos Deputados em 2022.
“Eu sempre comentei que Roberta protagonizava o mandato de deputado federal ao meu lado. Ela sempre teve um papel foi muito importante na minha vida pública, não só me acompanhando”, declarou.
“Quando eu conheci a Roberta ela já estava envolvida em política. Então, ela tem também o traço, o gosto pela política. Ela circula bastante”.
“Então, naturalmente ela faz parte dessa nossa caminhada. Existe, sim, a possibilidade de ela disputar uma vaga como deputada federal”, acrescentou.
Mateus Soares
A estratégia do ex-prefeito ACM Neto (DEM) de associar a candidatura do senador Jaques Wagner (PT) a governador da Bahia ao passado é, acima de tudo, sábia.
A alternativa posta na mesa pelo PT para o eleitorado baiano representa, de fato, uma saída para o passado pelo menos em alguns sentidos.
Primeiro, porque ela evoca um retorno – e muito breve – ao momento inicial da tomada de poder pelo grupo que comanda hoje o Estado, episódio que, aliás, foi, na época, um marco na história política da Bahia.
Em segundo lugar, também confirma ao mesmo tempo uma ausência de renovação no campo petista e, pela virtual escolha do ex-governador para liderar o processo, o complexo hegemonista do partido.
É como se o PT dissesse que, apesar de liderar uma coalizão ampla, com partidos igualmente fortes e parceiros, é o único com condições de dar curso ao importante projeto de continuidade que interessaria a todos eles.
Não é por acaso que se registram movimentos de discussão sobre o assunto tanto no PSD quanto no PP, onde o vice-governador João Leão e os correligionários mais próximos dele se mostram os mais, digamos, inconformados.
Por este motivo, driblar a acusação ou, embora reconhecendo a condição, mostrar que não significa um atraso deverá se constituir no maior desafio do petista para enfrentar o adversário, que personafica, neste ponto, o seu oposto.
Se as circunstâncias colocam para Neto uma linha clara sobre como deve atingir o concorrente, não indicam ainda, no entanto, como poderá romper a barreira da polarização entre Jair Bolsonaro e Lula da qual Wagner aparece até agora como único beneficiário.
Enquanto o ex-presidente lidera em popularidade na Bahia, beneficiando aqueles que se apresentem como seus representantes no Estado, o atual se mantém em patamares baixos e é uma incógnita em relação à própria melhora eleitoral.
Provocar a discussão sobre a volta ao passado e as eventuais falhas das quatro gestões petistas, iniciadas pelo mesmo Wagner, será suficiente para promover uma regionalização da campanha, descasando-a da sucessão nacional que normalmente impulsiona os pleitos nos Estados?
É mais do que um desafio para Neto.
O eventual impeachment do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) cumpriria o objetivo imediato de seus opositores para tirá-lo do poder, mas dificilmente resultaria na sua exclusão da eleição do ano que vem.
Em outras palavras, Bolsonaro, mesmo na hipótese de ser cassado pelo Congresso, poderia estar de volta ao cenário político pouco tempo depois, tentando retornar à Presidência pelo voto.
Ironicamente, esse cenário é decorrência de uma manobra patrocinada cinco anos atrás por alguns dos principais desafetos do atual presidente: o PT, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), atual relator da CPI da Covid, e o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Ricardo Lewandowski.
Em 31 de agosto de 2016, durante o julgamento do impeachment de Dilma Rousseff pelo Senado, uma articulação de última hora poupou a então presidente de perder os direitos políticos por oito anos, como prevê o artigo 52 da Constituição.
Lewandowski, que presidia a sessão, aceitou destaque apresentado pelo PT e defendido em plenário por Renan, e promoveu duas votações separadas.
O impeachment foi aprovado com quórum qualificado, mas a inelegibilidade, não, um procedimento que foi amplamente criticado no meio jurídico.
Na época, pesaram os argumentos de que Dilma estava sendo injustiçada, que era pessoalmente incorruptível e que a perda de direitos políticos era uma pena exagerada.
“No Nordeste, costumam dizer uma coisa: ‘Além da queda, coice’. Não podemos deixar de julgar, mas não podemos ser maus, desumanos”, discursou Renan na sessão.
A petista acabou sendo liberada para disputar cargos públicos, e chegou a se candidatar na eleição de 2018 para o Senado por Minas Gerais, mas não se elegeu.
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O professor de Direito e analista do Tribunal Regional Eleitoral (TRE-BA), Jaime Barreiros Neto, afirmou que não existe necessidade de voto impresso, como defende o presidente Jair Bolsonaro. Para o especialista, o voto, mesmo impresso, continuaria a ser secreto e daria brecha para artimanhas que coloquem em xeque a lisura da votação.
“O problema do voto impresso é o seguinte: o voto continuará sendo secreto. Imagine o seguinte, que nós tenhamos a eleição municipal voto a voto. Dois candidatos a prefeito disputando, um deles sabendo que vai perder uma determinada seção eleitoral por pesquisa. Ele sabe que ali o adversário vai ganhar. Ele combina com 10 eleitores para que criem uma confusão e digam que o voto que foi impresso não foi o que eles deram. Ninguém vai saber se eles estão falando a verdade ou não, porque o voto continuará sendo secreto, e assim feita a confusão, o problema só tem dois caminhos: o juiz eleitoral vai ser chamado, e ou ele valida o resultado, e aí será alvo de críticas, de dúvida sobre a lisura do processo. Ou então ele vai anular toda a urna eletrônica e vai prejudicar o candidato que não participou da fraude”, avalia.
“Existem várias etapas que demonstram essa confiabilidade. São muitas pessoas envolvidas, muitas instituições envolvidas na proteção das várias etapas do processo de votação e apuração das eleições. Todo esse processo é público. Então, por todas essas camadas de proteção que existem no sistema, não apenas a urna, eu diria que não há necessidade do voto impresso, mas a discussão é legítima”, acrescenta.
Guilherme Reis
Recuperado da Covid-19, o senador Otto Alencar (PSD) afirmou ao bahia.ba na noite desta sexta-feira (23) que 2021 é o ano da articulação política visando a eleição do ano que vem. Ele ressaltou que buscará o entendimento dentro da base do governador Rui Costa (PT) para a disputa do pleito.
Sobre a campanha de 2022, o presidente estadual do PSD disse que não faz política com ambição e que enfrentará mais uma missão. “Vaidade em política é a véspera do fracasso. Eu não sou ambicioso, graças a Deus tenho missão de vida. Sou o homem do entendimento, isso que vou buscar junto ao meu grupo político o ano que vem. Muita água vai rolar debaixo da ponte. Mas, eu estou sereno e seguro. Hoje faço fisioterapia para me recuperar e voltar logo ao trabalho”, destacou o senador.
Questionado sobre as recentes pesquisas de intenções de voto para o governo da Bahia, que colocam o presidente nacional do DEM, ACM Neto, na frente do senador Jaques Wagner (PT), Otto minimizou.“Se pesquisa antes de eleição resolvesse, Wagner não tinha sido eleito, Rui Costa não era governador, eu não era senador. Eu saí atrás de Geddel Vieira Lima 10 pontos em 2014, tive mais de 1 milhão de votos de frente. Então, é cedo, é retrato de agora. Vamos em frente”, opinou.
Com o Centrão confirmado pelas mãos do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no comando do governo do país, na figura do senador Ciro Nogueira (PI) ocupando a importantíssima Casa Civil, e a possibilidade, ainda mais forte, de o primeiro mandatário se filiar à sigla nos próximos meses, não é exagero dizer que uma figura vai ganhar saliência na Bahia. Trata-se do vice-governador João Leão, cujo nome já passou a circular ontem no partido como eventual candidato ao governo do Estado em 2022, no caso, como se prevê no PP, de Bolsonaro realmente se filiar e ganhar “um respiro” em meio à onda de más notícias que cercam seu governo.
Para deputados progressistas, o presidente da República não teria dificuldades de abraçar a candidatura de Leão ao governo. Pelo contrário, uma vez no PP, tendo ao lado gente como Nogueira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (AL), e Flávia Arruda (PL-DF), que ambos fizeram sua secretária de Governo, o capitão reformado estaria a meio caminho andado para escolher Leão como opção para assumir seu palanque no Estado na sucessão presidencial. O vice, além de se tornar um correligionário, cumpriria o papel de abrir um buraco no casco do grupo ao qual hoje é ligado, liderado pelo governador petista Rui Costa e o senador Jaques Wagner, nome do PT ao governo.
Para completar, teria uma musculatura, uma história e uma estrutura partidária com a qual seu ministro da Cidadania, João Roma, cotado até agora para assumir a candidatura e ciceronear Bolsonaro na campanha presidencial no Estado, não teria condições de competir. Não que o presidente da República pense em desprezar Roma, cujo prestígio cresce no seu círculo mais próximo, inclusive, pela disputa que praticamente assumiu com o ex-prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, em relação a quem, devido à postura independente, Bolsonaro e a família passaram a nutrir cada vez maior antipatia.
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Em termos de popularidade digital, a última semana marcou a alta do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), puxada pela internação hospitalar, e a queda do ex-presidente Lula (PT), motivada por opinião a favor de Cuba.
A evolução dos políticos nas redes sociais é medida diariamente pela consultoria Quaest por meio do Índice de Popularidade Digital (IPD).
Em 12 de julho, Bolsonaro e Lula tinham IPD na casa dos 40 pontos, com 48,38 e 43,18 respectivamente. No dia seguinte, fala do petista crítica aos EUA e favorável à ditadura cubana derrubou seu índice para 29,35. Em 14 de julho, chegou ao piso: 27,48.
Nesse mesmo dia, em meio a dores e crise de soluço, Bolsonaro deu entrada no Hospital das Forças Armadas, em Brasília, e foi transferido para São Paulo. Seu IDP subiu a 67,89 e seguiu em alta até 73,91 no último sábado (17).
No período que vai de maio a julho, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), chegou a ser o mais popular entre os presidenciáveis por alguns dias, logo após ter dito em entrevista à TV Globo que é gay, no último dia 1º.
Ciro Gomes (PDT) também teve período de alta após lançar, em 21 de junho, vídeo de aceno aos evangélicos, em que afirma que a Bíblia e a Constituição não são conflitantes. De resto, os representantes da chamada terceira via seguem em patamares mais baixos nas redes.
A métrica do IPD isola o máximo possível o efeito do uso de robôs nas redes e avalia o desempenho de personalidades da política nacional nas plataformas Facebook, Instagram, Twitter, YouTube, Wikipedia e Google.
A performance é medida em uma escala de 0 a 100, em que o maior valor representa o máximo de popularidade.
São monitoradas seis dimensões nas redes: fama (número de seguidores), engajamento (comentários e curtidas por postagem), mobilização (compartilhamento das postagens), valência (reações positivas e negativas às postagens), presença (número de redes sociais em que a pessoa está ativa) e interesse (volume de buscas no Google, YouTube e Wikipedia).
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No último dia 8, uma quinta-feira, o presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL), recebeu um duro recado do ministro da Defesa, Walter Braga Netto, por meio de um importante interlocutor político. O general pediu para comunicar, a quem interessasse, que não haveria eleições em 2022, se não houvesse voto impresso e auditável. Ao dar o aviso, o ministro estava acompanhado de chefes militares do Exército, da Marinha e da Aeronáutica.
O presidente Jair Bolsonaro repetiu publicamente a ameaça de Braga Netto no mesmo 8 de julho. “Ou fazemos eleições limpas no Brasil ou não temos eleições”, afirmou Bolsonaro a apoiadores, naquela data, na entrada do Palácio da Alvorada.
A portas fechadas, Lira disse a um seleto grupo que via aquele momento com muita preocupação porque a situação era “gravíssima”. Diante da possibilidade de o Congresso rejeitar a proposta de emenda à Constituição que prevê o voto impresso – ainda hoje em tramitação numa Comissão Especial da Câmara –, Bolsonaro subia cada vez mais o tom.
Em transmissão ao vivo nas redes sociais, no dia 6 de maio, o presidente já dizia, sem apresentar provas, que o atual sistema de urna eletrônica permite fraude. “Vai ter voto impresso em 2022 e ponto final. Não vou nem falar mais nada. (…) Se não tiver voto impresso, sinal de que não vai ter a eleição. Acho que o recado está dado”, afirmou Bolsonaro. O que não se sabia, àquela altura, é que o presidente contava com o apoio da cúpula militar para suas investidas autoritárias.
Lira considerou o recado dado por Braga Netto como uma ameaça de golpe e procurou Bolsonaro. Teve uma longa conversa com ele, no Palácio da Alvorada. De acordo com relatos obtidos pelo Estadão, o presidente da Câmara disse ao chefe do Executivo que não contasse com ele para qualquer ato de ruptura institucional. Líder do Centrão, bloco que dá sustentação ao governo no Congresso, Lira assegurou que iria com Bolsonaro até o fim, com ou sem crise política, mesmo se fosse para perder a eleição, mas não admitiria golpe.
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A existência de um inquérito no Superior Tribunal de Justiça (STJ) contra o governador Rui Costa (PT), revelado pela revista Crusoé, ampliou a pressão no grupo mais próximo dele, que não é grande, mas inclui a família, para que dispute as eleições ao Senado em 2022.
Os aliados de Rui acham que, seguindo a tradição, ele não deve abrir mão da cobiçada imunidade parlamentar ao deixar o governo e o mandato de senador é o caminho mais adequado para conquistá-la. A princípio, a candidatura descontentaria o senador Jaques Wagner, candidato do PT à sucessão estadual.
Mas já há quem diga no partido que Wagner também teria passado a avaliar com outros olhos a possibilidade de Rui concorrer em sua chapa por temer que as movimentações nacionais do PSD, que avalia lançar candidato à Presidência, acabem eventualmente afastando o senador Otto Alencar dela.
Segundo a Crusoé, o processo no STJ contra Rui Costa apura a compra, pelo Consórcio do Nordeste, presidido por ele, de 300 respiradores para tratar pacientes da Covid-19 por R$ 49 milhões. A empresa contratada não entregou os equipamentos, nem devolveu o dinheiro.
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